Com oferta elevada, produtor do Sudeste até queima tomate

O clima quente e com pouca chuva desde o início do verão tem levado os produtores de tomate do Sudeste a tomarem decisões drásticas. Após verem suas lavouras amadurecerem de forma precoce, o que elevou a oferta nacional num período muito curto de tempo, alguns produtores decidiram descartar o produto. Em algumas cidades, como Ibitirama (ES) e Itapeva (SP), produtores até queimaram o tomate, que estava muito maduro e inadequado para a comercialização. O baixo preço pago produto também estimulou o descarte.

O crescimento inesperado da oferta fez os preços do tomate registrarem forte queda neste início de ano, comparado ao mesmo período de 2016. Segundo o Cepea, o preço médio pago ao produtor pela caixa de 20 quilos de tomate em São Paulo está em R$ 10 em média, com queda de 85% em relação aos R$ 71,19 alcançados no início do ano passado.

“Por conta do clima, com muito calor e pouca chuva, o tomate amadureceu muito rápido e, com isso, a oferta nacional aumentou de uma só vez, sem demanda pra acompanhar”, disse a pesquisadora do Cepea, Larissa Tagliuca. Segundo ela, as regiões mais afetadas pelo problema são Itapeva, Ibitirama e o norte do Paraná.

Com o preço do tomate abaixo do custo de produção – avaliado em R$ 30 a caixa -, a estimativa é que até 30% da produção em algumas regiões de Estado de São Paulo tenha sido descartada.

Agricultor de médio porte em Itapeva e diretor do Grupo Batista de comercialização de legumes, José Batista avalia que até 30% da safra 2016/17 ficará no campo. “Nosso setor vai ser o maior contribuinte para o desemprego no Brasil neste primeiro semestre de 2017. Por conta da quebra de capital, o próximo semestre não vai ter a mesma área plantada”, prevê o empresário que tem 1.5 milhão de pés em Itapeva e pretende reduzir em 50% sua área. “O consumo caiu vertiginosamente. Mesmo com os preços mais baixos, a demanda não tem aumentado”, disse.

De acordo com balanço anual da Ceagesp, principal entreposto do país, o volume de legumes comercializado em São Paulo totalizou 838.840 toneladas em 2016, 5,8% inferior ao registrado em 2015. Desse montante, o tomate respondeu por 34,6% das vendas.

Com isso, outros legumes que tiveram aumento de área em meio aos preços elevados de 2016 amargam um início de ano com crise. Segundo o Instituto de Economia Agrícola do estado, no caso da batata, o preço médio pago ao produtor em dezembro foi de R$ 36,84 por saca de 50 quilos, com queda de 55% em relação a janeiro de 2016. O mesmo ocorre com a cenoura, cujo preço ao produtor saiu de R$ 36,28 a caixa de 29 quilos no início de 2016 para R$ 10 na safra de inverno, de julho a novembro de 2016 – também abaixo do custo de produção, estimado em R$ 11,40 a caixa, segundo o Cepea.

 

Fonte: Valor Econômico

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