Os contratos futuros da soja negociados na CBOT terminaram o dia em leve alta, assim como o dólar em relação ao real, que oscilou ao longo do dia, subindo no final do pregão e fechar acima dos R$ 3,20. Com esse movimento, o mercado nacional registrou mais um dia de poucos negócios, com os produtores brasileiros evitando novas vendas.
Com cinco sessões consecutivas de alta na CBOT, os preços no Brasil até buscam espaço para uma recuperação, encontrando força, inclusive, nos prêmios ainda muito fortes, principalmente nos portos do País. Contudo, esse movimento ainda é limitado pela moeda norte-americana.
Segundo Camilo Motter, com esse quadro e se preparando para o plantio da nova safra, o sojicultor brasileiro segue retendo o que ainda há de produto da safra 2015/16, para retornar ao mercado e realizar vendas novas, talvez no período de pico da entressafra. De acordo com o economista e analista da Granoeste Corretora de Cereais, cada produtor terá agora que acompanhar as características regionais de cada mercado e aproveitar as oportunidades.
O mercado na maior parte das principais praças de comercialização finalizou o dia estável, com exceção de Ponta Grossa, no Paraná, aonde a saca caiu 2,56%, cotada a R$ 76,00 e Avaré/SP, aonde a saca caiu 5,86%, cotada a R$ 64,38. Em outras poucas praças, como Londrina e Ubiratã, ambas no Paraná, a saca subiu 0,76%, fechando cotada a R$ 66,50.
“O período de entressafra que se esperava para ser longo foi, sem dúvida, mais curto, mas ainda não chegou ao seu pico. Esperávamos que por conta do ritmo das exportações muito forte, teríamos mais cedo um enxugamento da oferta interna e, portanto, preços acima da paridade, mas isso ainda não se confirmou em algumas regiões”, disse. “E por conta desses fatores é que o preço interno não deslancha (…). E ainda há de se colocar a questão da qualidade do grão e de uma demanda menor da indústria de aves e suínos”, completa o analista.
No terminal de Paranaguá, a saca do produto disponível encerrou o dia estável, cotada a R$ 81,00 e em baixa de 0,64%, cotada a R$ 77,50 no mercado futuro. Já em Rio Grande, alta de 0,64% e de 2,50, respectivamente, para R$ 78,50 e R$ 77,90 por saca.
Essa falta de ritmo nos negócios vem sendo registrada também na comercialização da safra nova, que se mostra, ainda segundo Motter, a mais lenta dos últimos cinco a oito anos. “Temos apenas perto da metade do que foi comercializado neste mesmo período do ano”, disse o executivo. “Então, da safra nova, o produtor ainda vai segurar um pouco mais”.
Afinal, a atenção agora se volta para o início dos trabalhos de campo e, principalmente, para as condições climáticas para o plantio da safra 2016/17. “Em algumas regiões do Sul do Brasil, já temos algumas áreas que poderão começar a plantar após o fim do vazio, com as boas condições de umidade no solo e de clima. Por essa razão, trabalhamos com a perspectiva de dispor de um produto novo já no início do ano”, disse Motter.
Enquanto isso, aumentam as especulações sobre a nova safra de soja do Brasil. Uma pesquisa feita pela Reuters com 12 consultorias e entidades aponta para uma produção – sem o efeito do La Niña – de 103 milhões de toneladas. O que poderia limitar o avanço da expansão, neste ano, seria apenas a questão do crédito mais escasso e caro para o custeio da safra.
Bolsa de Chicago
Na CBOT, os contratos futuros da soja terminaram o dia em leve alta de menos de 2 centavos nos principais vencimentos. O novembro/16, que é o vencimento mais negociado neste momento, fechou cotado a US$ 9,76 ¾ o bushel, em alta de 1,25 centavos.
Os fundamentos ainda não apresentam mudanças ou novidades fortes que possam movimentar o mercado de forma mais expressiva. A espera agora é pelo boletim mensal de oferta e demanda do USDA que será divulgado na segunda-feira, 12 de setembro.
Segundo o analista de mercado do internacional Farm Futures, Bob Burgdorfer, embora o mercado aguarde uma safra americana recorde, ainda acredita na força da demanda e na possibilidade de um corte nos estoques do país. Ontem, o USDA divulgou novas vendas de soja de mais de 400.000 toneladas.
Dessa forma, até que cheguem os dados atualizados, a movimentação do dólar é acompanhada de perto – já que vem, nos últimos dias, recuando de forma expressiva e dando suporte aos preços não só da oleaginosa, mas de todas as principais commodities.
Ao mesmo tempo, o mercado acompanha as condições climáticas na conclusão da safra americana. Segundo analistas internacionais, o excesso de chuvas em algumas regiões, neste momento, pode preocupar os agricultores diante da necessidade de avanço da colheita. Previsões para os próximos sete dias indicam chuvas de até 152 mm no leste do Kansas e no Missouri, e alguns volumes mais modestos para Iowa e Illinois.
Milho: Ainda focado na safra dos EUA, mercado consolida o 5º dia consecutivo de alta em Chicago
Pelo 5º pregão consecutivo, os contratos futuros do milho negociados na CBOT fecharam em alta. Os principais vencimentos ampliaram os ganhos ao longo do pregão e finalizaram a sessão em alta de 5,25 a 5,50 centavos. O vencimento dezembro/16 fechou cotado a US$ 3,38 ½ e o março/17 fechou a US$ 3,48 ½ o bushel.
Segundo o site internacional Farm Futures, as cotações do cereal foram impulsionadas pela perspectiva de que o USDA possa reduzir a sua estimativa para a safra americana. Na próxima segunda-feira (12), será divulgado o boletim mensal de oferta e demanda. Em agosto, a safra americana 2016/17 foi estimada em 384.83 milhões de toneladas.
Segundo pesquisa da Farm Futures, os produtores americanos poderão colher cerca de 377.44 milhões de toneladas. Já uma pesquisa realizada pela Reuters indica uma produção de 381.71 milhões de toneladas. Em relação aos estoques, finais a estimativa é que fiquem em 57.41 milhões de toneladas contra a pesquisa de 59.16 milhões de toneladas e o estimado pelo USDA no mês anterior de 61.19 milhões de toneladas.
O mercado ainda acompanha as informações sobre o início da colheita do grão e os rendimentos que estão sendo reportados dos campos. Em Illinois, por exemplo, cerca de 1% da área plantada já foi colhida.
Outro fator ainda observado pelo mercado diz respeito à questão climática. “Tempestades severas são esperadas nas regiões de Kansas, Illinois, Iowa e Missouri nessa sexta-feira. As preocupações são ao redor de qual o potencial do clima em prejudicar o milho maduro e as plantações de soja”, disse Bob Burgdorfer, analista e editor do portal Farm Futures.
Para o período de 13 a 17 de setembro, o NOAA prevê chuvas acima do normal em grande parte do cinturão Corn Belt, com as temperaturas ficando abaixo do normal.
As agências internacionais ainda reforçam que o mercado aguarda tanbém as informações do boletim de vendas para exportação que será divulgado nesta sexta-feira (9 de setembro) devido ao feriado do Dia do Trabalho nos EUA, comemorado na última segunda-feira (5 de setembro).
Mercado brasileiro
A quinta-feira (8 de setembro) foi de ligeira oscilação dos preços do milho no mercado interno brasileiro, após o feriado do Dia da Independência, comemorado nesta quarta-feira no Brasil. Na BM&F Bovespa, os principais vencimentos registraram leves quedas de 0,05% a 0,45%. O contrato setembro, referência para a safrinha brasileira, fechou o dia estável a R$ 41,90/saca. Já o março/17 fechou cotado a R$ 41,26/saca.
No mercado doméstico, apenas a praça de Jataí (GO) registrou queda de 2,70%, com a saca cotada R$ 36,00. No Porto de Paranaguá, a saca encerrou o dia estável a R$ 35,00. Nas demais praças pesquisadas pela equipe do Notícias Agrícolas as cotações permaneceram estáveis.
Além da influência de Chicago, o dólar também contribui para direcionar as cotações. Hoje, a moeda norte-americana fechou o pregão em alta de 0,07%, cotada a R$ 3,2104 para venda.
Por outro lado, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) decidiu aprovar o uso no Brasil de apenas uma variedade transgênica da Monsanto. Outras variedades ainda deverão ser analisadas. O leilão de venda dos estoques públicos divulgado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) também têm a atenção do mercado.
A entidade ofertará mais 50.000 toneladas do cereal na próxima quinta-feira (15). Na última operação, a Conab ofertou 50.000 toneladas, porém, somente 23.800 toneladas foram arrematadas, o equivalente a 47,62% do lote.
Fonte: CBOT
