Puxadas pelos embarques de soja e carnes, as exportações do agronegócio brasileiro cresceram 13% em 2017, para US$ 96 bilhões. Apesar do avanço, a participação do setor nas vendas externas totais do Brasil caiu para 44,1%. No ano anterior, havia sido de 45,9%.
As importações do agronegócio também cresceram 3,9% para US$ 14.1 bilhões no período. Mas isso não impediu um novo aumento do superávit setorial, que subiu 14,8% em relação a 2016, para US$ 81.8 bilhões, o segundo maior da história, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic), compilados pelo Ministério da Agricultura.
A maior parte dos produtos da pauta de exportações do setor teve crescimento nas vendas externas. “Temos espaço no mercado mundial, mas queremos vender mais e bater nossa meta de aumentar de 7% para 10% a participação dos produtos do agronegócio no comércio internacional de alimentos”, disse ontem o ministro Blairo Maggi, da Agricultura, ao divulgar os resultados da balança comercial em 2017.
Para que as exportações continuem a avançar, o ministro prometeu uma grande “mobilização” contra a aprovação no Congresso da Proposta de Emenda Constitucional 37/2007, que prevê o fim da Lei Kandir, que desde 1996 concede isenções de ICMS a exportações de commodities agrícolas.
“Se isso vier a cair (as isenções), automaticamente haverá redução da produção em função de que o produtor não terá competitividade para continuar. É uma ameaça muito grande, e o governo deve prestar atenção”, defendeu o ministro.
Entre os itens mais exportados, mais uma vez o destaque foi o complexo soja (grão, farelo e óleo), cujas vendas externas aumentaram 24,8%, para US$ 31.7 bilhão em 2017. As exportações de soja em grãos bateram recorde e subiram 33%, para US$ 25.7 bilhões.
Os embarques de carnes também registraram alta relevante em 2017, de 8,9% em relação ao ano anterior, para US$ 15.4 bilhões, apesar da operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em março de 2017, que revelou um esquema de corrupção entre fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura e frigoríficos.
O destaque foi a carne de frango, cujos embarques representaram 46% de todas as exportações de carnes em 2017, com alta de 5,5% nas receitas externas, para US$ 7.1 bilhões. As exportações de carne bovina aumentaram 13,7% para US$ 6 bilhões. E as de carne suína subiram 9,7% para US$ 1.6 bilhão, um recorde histórico.
As vendas externas de milho também foram recorde. Somaram US$ 4.5 bilhões, com alta de 25% em relação ao ano de 2016. No caso dos produtos florestais, as exportações subiram 12,6% em relação a 2016, para US$ 11.5 bilhões. Já as vendas externas do segmento sucroalcooleiro (açúcar e etanol) avançaram 7 8% para US$ 12 2 bilhões.
Durante a divulgação dos números ontem, Maggi revelou que o Ministério da Agricultura pode solicitar em breve à Câmara de Comércio Exterior (Camex) que retire a taxação sobre o etanol importado que exceder a cota de 600 milhões de litros por ano sem tarifa.
A declaração derrubou as cotações do açúcar em Nova York. Uma fonte do governo admitiu que a decisão é um aceno para que os Estados Unidos, principal origem do biocombustível importado pelo Brasil, volte a importar carne bovina in natura brasileira.
Fonte: Valor Econômico