O expressivo e recente recuo dos contratos futuros da soja na Bolsa de Chicago, permitiram que a saca recuasse nos últimos 40 dias de R$ 6,00 a R$ 7,00 no mercado brasileiro.
Segundo o analista da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter, “se voltarmos aos pregões de 12 a 15 de fevereiro, de lá para cá, o vencimento maio/17 caiu US$ 1,00/bushel, o que significa cerca de US$ 2,00 por saca no Brasil”.
No Brasil, os preços continuam sentindo a influência de um dólar ainda baixo, de uma leve redução dos prêmios, apesar de uma demanda ainda muito aquecida, e passa também pela movimentação dos fretes, que melhoraram após um pico de alta observado nas últimas semanas. Enquanto isso, as vendas seguem travadas no mercado nacional.
Ainda segundo o analista, até este momento o Brasil já comercializou cerca de 45% de sua safra 2016/17, contra 55% de média dos últimos cinco anos e 65% em 2016, neste mesmo período. “Temos os piores preços em todas as praças, em termos nominais, dos últimos dois anos. Considerando que os custos evoluíram muito, temos uma situação muito difícil”, disse. “Vivemos uma situação de um mercado totalmente parado, travado”.
Essa retração dos produtores brasileiros, segundo Motter, continua sendo acertada neste momento e a principal orientação é de que as vendas continuem acontecendo de forma parcimoniosa, sem que o mercado seja ‘inundado’ de produto. E esse comportamento ainda não fica completamente claro no mercado, uma vez que os embarques apresentam um ritmo bastante satisfatório, com novos recordes em função das vendas feitas antecipadamente.
Dessa forma, as novas e melhores oportunidades poderiam chegar a partir de um desenrolar mais efetivo da nova safra de soja dos Estados Unidos, com o seu plantio ganhando mais ritmo a partir de maio e o mercado climático norte-americano mostrando-se mais presente nas negociações da CBOT. “E precisamos acompanhar três grandes variáveis para observar a oferta: a área semeada, a tecnologia utilizada e o clima”, disse.
Preços no Brasil
Neste cenário, os preços da soja no Brasil não caminharam em uma mesma direção nesta terça-feira. No interior, as praças de comercialização do Paraná terminaram o dia registrando pequenas altas, com a saca cotada na casa dos R$ 57,00. Já no Rio Grande do Sul, as cotações cederam, bem como em Goiás, ao passo em que se mantiveram estáveis em Mato Grosso, nas praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, com a saca cotada entre R$ 52,00 e R$ 54,00.
Nos portos, Paranaguá a saca foi cotada a R$ 67,00 no mercado disponível e a R$ 68,00 para maio, enquanto em Rio Grande, a saca foi cotada a R$ 68,00 no mercado disponível e a R$ 69,00 para junho. Todos os preços encerraram a terça-feira estáveis.
Milho: Com oferta e Operação Carne Fraca no radar, preços têm nova queda no Brasil
A terça-feira (28) foi de quedas dos preços do milho no mercado interno brasileiro. Segundo levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, a saca caiu 12% em Campo Grande (MS), cotada a R$ 22,00. Em Jataí (GO), a queda foi de 8,00%, com a saca cotada a R$ 23,00.
Na região de Luís Eduardo Magalhães (BA), a saca foi cotada a R$ 32,00, em baixa de 3,03%. No Paraná, nas praças de Londrina, Cascavel e Pato Branco, a saca recuou 2,33%, sendo cotada a R$ 21,00. Já em Palma Sola (SC), o recuo foi de 2,22%, com a saca cotada a R$ 22,00.
Em Campinas (SP), a saca subiu 1,49%, cotada a R$ 34,10. No Porto de Paranaguá, a saca no mercado futuro registrou valorização de 1,75%, cotada a R$ 29,00.
“Nós já havíamos comentado que isso iria acontecer. No ano passado, os preços do milho estavam inflados pela falta de oferta, mas agora, em 2017, caminham para o nível de paridade de exportação. Isso estava previsto para acontecer com a chegada da safrinha, mas tivemos uma antecipação com as notícias da Operação Carne Fraca”, disse o consultor Flávio França Junior, da França Junior Consultoria.
Diante desse cenário, o consultor pondera que os preços ainda podem ceder mais no curto prazo. “Aconteceu um corte momentâneo na demanda com essas informações. Tudo irá depender das negociações que estão acontecendo para a reativação do setor de carnes, para que a demanda interna possa absorver a safra de verão”, disse.
Como consequência, o Brasil precisará exportar mais nessa temporada para enxugar o excedente de oferta. Para esse ciclo, as expectativas apontam para exportações da ordem de 30 milhões de toneladas. Quadro que, para ser consolidado, dependerá do comportamento do dólar.
“É preciso reforçar que a safra de inverno foi cultivada boa parte dentro da janela ideal e se o clima colaborar, poderemos colher acima de 90 milhões de toneladas”, disse o consultor.
BM&F Bovespa
Na BM&F Bovespa, os contratos futuros do milho também recuaram. Os principais vencimentos finalizaram o dia em baixa de 0,43% a 1,23%. O vencimento maio/17 fechou cotado a R$ 28,08/saca e o setembro/17 a R$ 27,64/saca.