As fortes elevações nos custos de produção de hortaliças ao longo de 2021 já vinham deixando agricultores brasileiros em alerta. A equipe da revista Hortifrúti Brasil, publicação do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, evidencia que o movimento de alta foi reforçado neste ano, agravando as preocupações de produtores.
Em Mogi Guaçu (SP), por exemplo, importante região produtora de tomate, a elevação acumulada dos custos em dois anos é de expressivos 51%. Apenas para o orçamento de 2022, o aumento estimado é de 27%.
Em Caçador (SC), a safra de verão de tomate, que acaba de ser encerrada (2021/22), registrou incremento de 37% nos gastos frente à temporada passada, no caso da grande escala de produção, e de 50% para a pequena escala. Para a cebola, na região de Lebon Régis (SC), que também encerrou a safra recentemente, a alta dos custos foi de 34% frente à temporada passada.
Os fertilizantes seguem em 2022 como protagonistas da alta dos custos de produção. Pelo segundo ano consecutivo, a valorização do insumo tem sido intensa.
No início de 2022, até houve certo enfraquecimento no movimento de avanço nos preços, tendo em vista que adversidades globais e internas geradas pela pandemia de Covid-19, entre outros fatores, frearam o ritmo de alta. No entanto, a partir de março, após a invasão da Rússia na Ucrânia, os valores do insumo voltaram a disparar, já que esses países são importantes fornecedores globais de fertilizantes, sobretudo do Brasil.
Outros fatores
Um outro importante item que impulsiona os custos neste ano é o petróleo. A valorização do combustível fóssil eleva os gastos com diesel e, consequentemente, encarece as operações mecânicas e os fretes, resultando em aumentos nos preços de diversos outros insumos agrícolas.
A mão de obra vem elevando os custos no campo. Todos os produtores de cebola e tomate consultados pela equipe de Hortifrúti do Cepea indicaram agravamento na dificuldade em se contratar mão de obra, o que tornou esse item ainda mais caro.
E, produtor, se prepare! Para 2023, um novo aumento expressivo nos custos deve ser verificado, já que os valores dos componentes não param de subir.
Mas, como os produtores de hortaliças pode lidar com esses aumentos? No momento, a recomendação é que eles continuem cautelosos quanto aos investimentos, assim como boa parte já vem fazendo desde o início da pandemia.
Fonte: Cepea