Colheita de soja no Brasil chega a 89,1% da área estimada

A colheita de soja no Brasil atingiu 89,1% da área estimada na semana finalizada em 12 de abril, um avanço de 6% em relação à semana anterior. A informação foi divulgada na sexta-feira (12/4) pela consultoria Safras & Mercado.

Os números apontam que a atual safra segue em ritmo acelerado, à frente tanto da média normal de cinco anos para o período, de 85,3%, quanto da colheita em igual momento de 2018 (86,6%).

Na semana, o maior avanço registrado foi o da colheita em Santa Catarina, que adicionou 18% e chegou a 68% da área estimada. No Rio Grande do Sul, houve avanço de 16%, enquanto na Bahia foram 14%.

Após Mato Grosso e Mato Grosso do Sul terem concluído trabalhos já na semana passada, os estados de São Paulo e Goiás se mostram próximos de finalizar colheita. Ambos alcançaram 99% da área prevista nesta semana, segundo a Safras.

Veja mais detalhes na tabela abaixo:

Soja já é vendida a R$ 71,00 no interior

Segundo a T&F Consultoria Agroeconômica, o preço da soja no interior do Brasil já está ao redor de R$ 71,00/saca, caindo do patamar dos R$ 75,00 registrados há apenas algumas semanas.

“Naquela época, os agricultores queriam R$ 80,00. Hoje aceitariam o preço anterior, se lhes fosse oferecido, mostrando que não tem convicção sobre o que estão fazendo. Tomam decisões depois que a oportunidade passa e não antes”, disse o analista Luiz Fernando Pacheco.

“Uma das características de alguns agricultores brasileiros é perder o ‘timing’ do negócio de soja. Todos os anos isso acontece e todos tem alguma história de vizinho ou parente para cotar a respeito. E qual a causa disso? Falta de planejamento anual da lucratividade da lavoura, apenas isso”.

Segundo Pacheco, “se o agricultor sentasse para planejar o seu ano comercial, que vai desde a compra de insumos até a venda da safra, ele certamente não perderia certas oportunidades que o mercado todos os anos oferece”.

Planejar a safra, na opinião do analista, “é perfeitamente possível e aconselhável para aumentar a lucratividade, capitalizar o seu negócio, remunerar os sócios e fazer investimentos”.

Segundo ele, isso exige mais ou menos um dia inteiro e pode ser feito numa reunião de agricultores locais. “Quem comparecer a uma dessas reuniões, nunca mais perde oportunidade, nem fica ao sabor do que os outros dizem ou fazem. E ganha dinheiro”, disse.

De acordo com os mapas climáticos analisados pela Consultoria AgResource, no Brasil as chuvas seguem bastante favoráveis para o desenvolvimento da safrinha, principalmente nos estados de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais.

“Volumes menos intensos (de 10 a 30 mm) são esperados no Paraná e Mato Grosso do Sul nos próximos cinco dias. Mesmo assim, não são aguardados impactos negativos as lavouras até o momento”, projeta a ARC Mercosul.

Por que a China importa tanta soja?

A soja é o produto agrícola mais importado na China, o que acaba levantando uma série de dúvidas sobre os motivos de o país asiático comprar uma quantia tão grande da oleaginosa ao invés de produzí-la em solo próprio.

Segundo o portal chinês ecns.cn, cerca de 90% de sua soja é importada do mercado internacional e é usada principalmente em petróleo e ração animal.

Em 2017, a China importou um total de 95.53 milhões de toneladas de soja, das quais 32.58 milhões de toneladas vieram dos Estados Unidos e 50.93 milhões de toneladas foram importadas do Brasil. Em 2018, devido aos atritos comerciais entre a China e os EUA, o país adquiriu um pouco menos, mas ainda importou mais de 82 milhões de toneladas nos primeiros 11 meses.

No entanto, Ke Bingsheng, ex-presidente da Universidade Agrícola da China (CAU), disse que a terra arável da China é muito limitada. Se o país não importar e usar sua própria terra para produção, haverá apenas 120 quilos de soja por um mu (sendo que um “mu” equivale a cerca de 0,067 hectares).

“Isso significa que, mesmo que todas as terras aráveis do norte e nordeste da China sejam usadas para a produção de soja, ainda assim não seria suficiente”, indicou o portal chinês.

Além disso, Bingsheng indicou que os recursos da China são insuficientes e, portanto, as importações podem ajudar a conservar a terra. “A compra de soja e algodão de outros países equivale à importação de recursos terrestres e hídricos. Isso é de grande benefício para o ambiente ecológico da China e assim por diante”.

 

Reuters/Agrolink

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