Colheita de milho e escoamento da soja elevaram preços de fretes

Em Minas Gerais, a intensificação da colheita do café foi um dos principais fatores para o aumento dos fretes – Imagem de grmarc no Freepik
O avanço da colheita do milho e a intensificação da comercialização da soja impulsionaram os preços dos fretes rodoviários em importantes regiões produtoras do Brasil, segundo o Boletim Logístico de junho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O avanço da colheita, especialmente da segunda safra de milho, e o aumento dos embarques de soja influenciaram a demanda por serviços de transporte, elevando os preços dos fretes em Estados produtores como Mato Grosso. O boletim destaca o aumento na demanda por caminhões devido à necessidade de liberar espaço nos armazéns, impulsionada por uma melhoria nos preços da soja.
“Para junho, a tendência era de aquecimento no mercado e elevação dos preços, em linha com a sazonalidade do mercado de fretes rodoviários”, explica, em nota, Thomé Guth, Superintendente de Logística Operacional da Conab. “No entanto, as condições de preço do milho podem influenciar esse mercado, diminuindo a pressão na demanda por transporte dos produtos”, indicou.
Em Minas Gerais, a intensificação da colheita do café foi um dos principais fatores para o aumento dos fretes. Nos Estados do Maranhão, Piauí, Goiás, Paraná e Bahia, as cotações também registraram aumentos na maioria das rotas.
Em contrapartida, em São Paulo e Mato Grosso do Sul, os preços dos fretes se mantiveram estáveis com ligeiras altas. No Distrito Federal, houve uma queda média de 8% nas rotas pesquisadas, motivada principalmente pela menor demanda de soja e milho, além do comportamento estável do preço do diesel.
A Conab divulgou uma redução significativa na produção brasileira de grãos para o ciclo 2023/24, totalizando 297.54 milhões de toneladas. Este volume representa uma queda de 7% em relação ao da safra anterior, resultando em 22.27 milhões de toneladas a menos.
A produção de soja estimada em 147.3 milhões de toneladas, registrou uma queda de 4,70%, enquanto a estimativa da safra de milho, considerando as três colheitas anuais, foi de 114.1 milhões de toneladas, uma queda de 13,50%.
A colheita da soja no País se aproxima do fim, com 99,80% da área plantada já colhida até a semana finalizada em 9 de junho, segundo os dados da Conab. No entanto, o cenário não é uniforme em todo o País.
No Rio Grande do Sul, as chuvas intensas do final de abril e maio causaram perdas significativas nas lavouras, levando ao abandono de algumas áreas. Nas regiões que puderam ser colhidas, a operação enfrenta dificuldades devido à erosão do solo causada pelas chuvas, além da alta umidade e presença de grãos avariados na produção. Em contrapartida, a colheita avança de forma satisfatória na região Leste do Maranhão.
No âmbito das exportações, maio de 2024 registrou um aumento da participação dos portos do Arco Norte, que escoaram 36,40% do volume total nacional contra 37% no mesmo período do ano passado. Já o Porto de Santos, historicamente importante para o escoamento da soja, registrou uma queda na sua participação de 38,90% para 36%.
O Porto de Paranaguá também registrou aumento, passando de 10,70% para 12,70% do total exportado, enquanto São Francisco do Sul registrou um aumento de 4,70% para 6,40%. A origem da soja destinada à exportação se concentra nos estados do Mato Grosso, Goiás, Paraná e Minas Gerais.
As exportações da soja em maio totalizaram 13.47 milhões de toneladas, uma queda de 8,30% em comparação com as 14.7 milhões de toneladas exportadas em abril. Esta queda reverte um movimento recorde registrado no mês anterior.
O mercado de soja tem sido influenciado por fatores globais e regionais, incluindo um clima favorável nos Estados Unidos, que tem beneficiado o plantio, e a conclusão da colheita na Argentina. No acumulado dos primeiros cinco meses do ano, as exportações de soja totalizaram 50.2 milhões de toneladas.
A colheita da primeira safra de milho no Brasil segue em ritmo acelerado, com 85,20% da área já colhida até a semana finalizada em 9 de junho, segundo dados da Conab. No Rio Grande do Sul, a colheita foi retomada após o término da colheita da soja e vem sendo favorecida pela redução das chuvas, apesar das produtividades estarem abaixo do esperado devido às enchentes que atingiram o Estado.
Já a colheita da segunda safra de milho ainda está no início, com 7,50% da área colhida até o momento, e tem evoluído, de uma forma geral, com boa produtividade, segundo a Conab. Em Mato Grosso do Sul, o clima seco e quente antecipou o ciclo do cereal.
Já em São Paulo, a colheita começou de forma incipiente, com baixas produtividades registradas devido aos períodos de restrição hídrica durante o ciclo da planta. Em Minas Gerais, a falta de chuvas afeta as lavouras tardias.
O milho registrou exportações de 420.000 toneladas em maio, contra 70.000 toneladas no mês anterior e 470.000 toneladas no mesmo período de 2023. Apesar da safra reduzida, a queda nos preços internos está associada ao avanço da colheita da segunda safra, com a demanda interna absorvendo lotes previamente negociados e diminuindo a atividade no mercado disponível da nova safra. As exportações de milho acumuladas de janeiro a maio totalizaram 7.5 milhões de toneladas.
Com o encerramento do plantio da segunda safra de milho e das lavouras de inverno no Brasil, e os olhos voltados para o desenvolvimento das lavouras de soja e milho nos Estados Unidos, o mercado de adubos e fertilizantes se movimenta para atender a próxima safra brasileira.
As estimativas de uma safra recorde de soja nos EUA, em contrapartida à menor produção de milho, influenciam o mercado brasileiro. Mesmo diante da instabilidade geopolítica internacional, o câmbio favorável e a retomada da confiança no setor agrícola impulsionam a demanda por insumos.
Em maio, as importações brasileiras de adubos e fertilizantes registraram uma leve reversão na queda, em comparação com os meses anteriores. A participação dos portos do Arco Norte na internalização dos insumos segue aumentando, facilitando a logística e otimizando os custos.
No acumulado de janeiro a maio, os portos brasileiros receberam 13.64 milhões de toneladas de adubos e fertilizantes, volume ligeiramente superior às 13.61 milhões de toneladas do mesmo período em 2023.
Fonte: Conab
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