CNC: safra brasileira de café é suficiente para honrar exportação e consumo

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou esta semana o seu novo levantamento para a safra 2020 de café no Brasil, que foi estimada em 61.6 milhões de sacas de 60 kg.

O volume apurado pela estatal reforça o posicionamento que o Conselho Nacional do Café (CNC) adotou ao longo de todo o ciclo cafeeiro, de que não haveria uma supersafra no Brasil e que o total produzido seria suficiente para honrar os compromissos com as exportações.

Segundo a Conab, as vendas de café devem ficar ao redor das 40 milhões de sacas. Para o consumo interno, a previsão é de 21 milhões de sacas.

Segundo o presidente do CNC, Silas Brasileiro, as notícias de que o Brasil colheu uma supersafra de café e que não tem onde armazená-la constituem uma verdadeira especulação mercadológica.

“Sempre observamos esta movimentação que visa, principalmente, a depreciar o produto nas negociações. Mas esses atores esquecem que tirar competitividade e, consequentemente, a renda dos produtores, irá gerar um impacto em médio e longo prazo no equilíbrio, hoje existente, entre oferta e demanda”, disse.

Capacidade de armazenamento

A safra brasileira de café deste ano foi positiva no que diz respeito ao volume. É a segunda maior colheita da história, e, em especial, qualidade. As questões climáticas na época da colheita, com quatro meses praticamente sem incidência de chuvas, favoreceram o andamento dos trabalhos.

Além disso, diante do cenário de pandemia da Covid-19, o CNC, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), lançou a cartilha “Orientações sobre prevenção do Coronavírus durante a colheita do café”, que contribuiu para o bom desenvolvimento da cata.

“A combinação de clima seco com as instruções que transmitimos permitiram um andamento célere da colheita, culminando em maior entrada de café nos armazéns de nossas cooperativas em um período mais estreito. Isso não foi problema, pois as cooperativas cafeeiras que compõem o CNC vêm se estruturando e aumentando suas capacidades”, afirmou Brasileiro.

Comercialização

Outro ponto levantado por ele, que justifica o maior volume de café estocado nas cooperativas, reflete o profissionalismo e a capacitação dos produtores na negociação.

“A maior parte desse café nos armazéns não implica excesso de oferta, uma vez que, dependendo da cooperativa e de sua localidade, entre 60% e 70% desse produto estocado já está comercializado, com percentual acima de uma média, para esse período, que se situa pouco acima de 40%”, disse o presidente do CNC.

Ele acrescentou que os produtores estão cada vez mais capacitados e contam com a expertise dos departamentos técnicos das cooperativas para realizar bons negócios, travando suas vendas de maneira antecipada. “O resultado é que os cafeicultores cooperados entregam, hoje, seu café acima de R$ 600 por saca, preço superior ao negociado no mercado físico atualmente”.

As diversas formas de comercialização que as cooperativas do CNC oferecem, como barter, que envolve a troca do café por insumos e maquinários, por exemplo, também contribuem para o cenário de bons volumes estocados. “Por isso, grande parte dos cafés armazenados já está vendida, com nossas cooperativas os preparando para entregá-los aos compradores”, afirmou Brasileiro.

Ele observou ainda que a demanda pelo produto brasileiro permaneceu aquecida, mesmo com o cenário da pandemia da Covid-19.

“O Brasil cumpriu seu papel de produzir com qualidade em quantidade para suprir a demanda dos nossos clientes internos e internacionais. Dizer que há uma supersafra e que existe café sobrando, sem espaço para armazenamento, não condiz com a realidade do país, que possui a cafeicultura mais estruturada e profissional do mundo”.

Funcafé

Até hoje (25/9), 30 instituições financeiras assinaram contratos para o recebimento de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), totalizando R$ 5.108 bilhões, valor que corresponde a 89,45% do total de R$ 5.710 bilhões disponíveis. Ainda restam dois agentes: Santander Brasil (tomou parcialmente os recursos) e Citibank. Ambos se credenciaram para rubricar os contratos, envolvendo um montante de R$ 602.5 milhões.

Já a liberação dos recursos para os agentes até o momento está em R$ 2.061 bilhões, com data de referência de 4 de setembro. Do volume repassado, R$ 861.4 milhões foram destinados à comercialização, o que corresponde a 37,50% do disponibilizado para esta linha; R$ 566.4 milhões para custeio (35,40%); R$ 362.1 milhões para o financiamento para aquisição de café – FAC (31,50%) e R$ 270.6 milhões para capital de giro (41,60%).

 

CNC

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