Conselho Nacional do Café: Balanço Semanal – 22 a 26/08/2016

Plano Agro +

Na quarta-feira, 24 de agosto, recebemos a visita de membros da diretoria da nossa associada Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) e do secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, João Cruz Reis Filho, que nos acompanharam no lançamento do Plano Agro +, realizado, no Palácio do Planalto, pelo secretário executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Eumar Novacki, em conjunto com o ministro Blairo Maggi e na presença do presidente Michel Temer.

Foram apresentadas 69 medidas que serão implantadas para a redução da burocracia e à busca de maior eficiência na gestão pública da Pasta. Em sua explanação, Temer anotou que solicitará aos demais ministros que tomem essa medida como exemplo e também adotem providências para simplificar os trâmites internos.

O CNC enaltece a ação desenvolvida pelo ministro da Agricultura e entende que, de fato, segundo as palavras do próprio Blairo Maggi, passaremos a ver menos burocracia, mais eficiência e, consequentemente, benefícios para o agronegócio brasileiro, sendo mais ágeis na comercialização dos produtos agropecuários e ampliando nossa representatividade mundial, atualmente de 42% do mercado agrícola global.

Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do Café, acredita que, com a medida, será possível o Brasil ampliar sua participação internacional no mercado agrícola de 7% para 10% ao longo dos próximos cinco anos, incrementando a economia brasileira com cerca de US$ 30 bilhões.

O Agro+ tem três objetivos: transparência e parcerias, melhoria do processo regulatório e normas técnicas e facilitação do comércio exterior. Entre as medidas, o MAPA anunciou que estão o fim da reinspeção em portos e carregamentos vindos de unidades com Serviço de Inspeção Federal (SIF); o lançamento do sistema de rótulos e produtos de origem animal; a alteração da temperatura de congelamento da carne suína (-18ºC para -12ºC); a revisão de regras de certificação fitossanitárias; e o aceite de laudos digitais também em espanhol e inglês.

Combate à Broca

O Conselho Nacional do Café encaminhou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) considerações referentes à Consulta Pública n° 237, de 29 de julho de 2016, relativa à proposta de Resolução que inclui a cultura do café na modalidade de emprego (aplicação) foliar, com LMR de 0,1 mg/kg e IS de 60 dias, na monografia do ingrediente ativo E29 – Etiprole.

O CNC entende que a inclusão do grão na monografia do ingrediente ativo E29 – Etiprole é de extrema importância para que a atividade tenha mais opções de produtos para o combate a broca do café (Hypothenemus hampei), que teve aumento de seus ataques a partir de 2013, quando ocorreu o banimento definitivo do ingrediente ativo Endosulfan, sem que fosse disponibilizada aos produtores tecnologia alternativa e eficiente para o controle da praga.

Destacamos, em nossas considerações, que é de suma importância a disponibilidade desse ingrediente ativo, haja vista que estudos demonstram a elevada eficiência de produtos à sua base no combate à broca. Como exemplo, citamos trabalho científico apresentado no 38º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, intitulado “Estudo do Novo Inseticida Ethiprole + Imidacloprid no Controle de Broca do Cafeeiro” e disponível em http://www.sbicafe.ufv.br/handle/123456789/5261. A esse respeito, é válido lembrar que a Resolução ANVISA 2.094/2016, publicada no DOU de 08/08/16, autorizou a aplicação foliar do Imidacloprido no café, com LMR de 0,5 mg/Kg e IS de 14 dias.

Também ressaltamos o fato deste ingrediente ativo pertencer a um grupo químico distinto dos dois produtos registrados para o controle da praga, o que aumenta sua relevância para o manejo de resistência de insetos na cultura do café. Reforçamos, ainda, a importância de se incentivar a concorrência comercial, via ampliação das opções de tecnologia disponíveis para controle da broca no mercado, criando condições para que os preços sejam acessíveis aos produtores.

Pagamento à OIC

Conforme anunciado pelo CNC na terça-feira, 23 de agosto, após nosso incessante trabalho de argumentação junto ao Governo Federal, em especial com os ministros Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e Dyogo Oliveira (Planejamento, Desenvolvimento e Gestão), por meio de suporte concedido pelo Palácio do Planalto, o Brasil efetuou, no dia 22 de agosto, o pagamento da anuidade à Organização Internacional do Café (OIC).

Entendemos que o compromisso honrado pelo Governo Federal é uma grande vitória à cafeicultura brasileira, haja vista ser fundamental para que o País — líder em produção e exportação e segundo maior consumidor de café do planeta — tenha voz ativa no principal fórum internacional do setor, que engloba a representação pública e privada das nações produtoras e consumidoras de todo o mundo e de onde saem as principais decisões do cenário cafeeiro global.

Em função da compreensão e do trabalho desenvolvido pelo Governo Federal, principalmente no tocante aos ministros Blairo Maggi e Dyogo Oliveira, o CNC externa publicamente seu agradecimento e reitera sua disponibilidade em contribuir sempre que necessário ou demandado.

Mercado

Ainda sem novidades nos fundamentos, os contratos futuros do café arábica oscilaram nos últimos dias acompanhando os indicadores técnicos, o movimento da moeda norte-americana e as condições de desenvolvimento da safra 2017/18 do Brasil.

No âmbito internacional, o Dollar Index foi influenciado pelas expectativas dos investidores em relação ao discurso de hoje da presidente do banco central dos Estados Unidos, Janet Yellen. No momento, há muita especulação sobre a alta dos juros da economia norte-americana.

No Brasil, o dólar comercial foi cotado ontem a R$ 3,2316, em alta de 0,8% em relação ao fechamento da semana anterior. O movimento do câmbio foi influenciado pelo cenário político interno, que se aproxima do desfecho do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, e pela percepção de aumento do risco Brasil, com as incertezas que permeiam a consecução do ajuste fiscal.

A colheita da safra 2016/17 de café do Brasil se aproxima do fim, devendo encerrar-se em meados de setembro. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), apesar dos prejuízos causados pelas chuvas do início de junho em praticamente todas as regiões, de forma geral, o balanço da safra 2016/17 indica volume e qualidade superiores aos da temporada passada. O quadro abaixo resume os resultados do levantamento realizado pela instituição de pesquisa.

Em relação às condições climáticas que afetam o desenvolvimento da safra 2017/18 do Brasil, a passagem da frente fria seguida de massa de ar polar, nessa semana, não impactou negativamente o cinturão cafeeiro de arábica. Porém, como o próximo ano será de bienalidade negativa e o nível de desfolha dos cafeeiros está acentuado, segundo a Fundação Procafé, a produção de arábica deverá ficar aquém do potencial.

Há preocupação com o pegamento das floradas do café conilon, observadas na segunda semana de agosto, devido ao clima quente e seco no Espírito Santo e em Rondônia. O Cepea relatou que, embora muitos produtores capixabas façam uso da irrigação, prefeituras vêm limitando a utilização da água durante algumas horas do dia, em função dos baixos níveis dos rios. Já em Rondônia, apenas a irrigação não é suficiente para garantir o pegamento da florada, havendo o risco do sol forte queimar as plantas.

A tendência agora é de aumento da temperatura e ocorrência de precipitações esparsas, com risco de temporais em parte das áreas produtoras. Nos próximos quinze dias, a Climatempo estima chuva acumulada entre 30 e 50 milímetros nas principais origens.

Na ICE Futures US, o vencimento dezembro do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,4445 a libra-peso, em alta de 285 pontos em relação ao fechamento da semana passada. O vencimento novembro do contrato futuro do robusta, negociado na  ICE Futures Europe, encerrou o pregão de ontem cotado a US$ 1.797,00 a tonelada, em baixa de US$ 20,00 em relação à última sexta-feira.

No mercado físico nacional, os negócios continuaram fracos. Os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 481,09/saca e a R$ 426,15/saca, respectivamente, com variação de 1,3% e 0,1% em relação ao fechamento da semana anterior.

 

Fonte: CNC

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