“A CNA pode contribuir e ser interlocutora entre o produtor rural e a polícia para reverter a situação da insegurança no campo”, afirmou o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, no primeiro dia de debates do 2º Painel sobre Segurança Rural promovido pela entidade na quarta (2).
O evento reuniu especialistas das Polícias Militares de 14 estados e do Distrito Federal, que apresentaram ações voltadas ao policiamento rural e trocaram experiências estaduais, além de discutirem a criação de uma rede de contatos entre as corporações.
João Martins destacou que a relação mais próxima da CNA com órgãos de segurança pública e com o governo contribuiu para o compartilhamento de informações que ajudaram a combater a criminalidade no campo.
“Vivíamos em um ambiente inseguro igual ao da cidade. Porém, de lá para cá, conseguimos sensibilizar o governo e temos notícias de que houve redução dos crimes em alguns estados”, ressaltou.
O painel pretende fomentar políticas de governo em segurança pública e disseminar as práticas bem-sucedidas, como a de Goiás, que criou em 2017 o patrulhamento rural georreferenciado e o Centro de Comando e Controle Rural, iniciativas pioneiras no País.
“Abrimos o leque da segurança pública no campo. Hoje protegemos não só o produtor rural, mas a economia do estado. Onde o programa é implementado já reduzimos em 60% o índice de roubos e furtos. A gente tem o envolvimento massivo dos produtores, uma rede de segurança muito forte e os resultados são significativos. Nosso desafio é ampliá-lo para todo o estado o quanto antes”, afirmou o tenente-coronel Daniel Moreira Galvão, da Polícia Militar de Goiás.
Em Rondônia, o programa de patrulhamento rural foi construído com base no modelo de Goiás, mas adaptado à realidade local, destacou o major Robson Brancalhão, do 7º Batalhão da PM. Segundo ele, devido à extensão territorial, há dificuldades para fazer o policiamento no campo. No entanto, a corporação tem conseguido superar os problemas com ajuda dos produtores rurais.
“Contornamos as dificuldades por meio das parcerias com as associações de produtores e pecuaristas, que auxiliam na aquisição de telefones via satélite e rádio e na criação de grupos de WhatsApp com os produtores para que possamos identificar e reprimir a criminalidade. Uma reunião como essa é interessante porque é um amadurecimento no sentido de entender que o crime não tem fronteiras e essa articulação é fundamental.”
O capitão da Polícia Militar do Distrito Federal, Rafael Cunha, destacou a importância da proximidade com a comunidade rural para o trabalho que a corporação realiza desde maio do ano passado com o programa Guardião Rural.
“De uma forma sistematizada e organizada, o programa está trazendo excelentes resultados desde sua criação. Nosso programa é muito recente, mas já atingimos resultados significativos com 57% de redução nos índices de criminalidade. Alcançamos mais de 180 propriedades cadastradas e utilizamos o WhatsApp para contato direto.”
A CNA desenvolve diversas ações para auxiliar o poder público na criação de políticas publicas de segurança no meio rural, como o Observatório da Criminalidade no Campo, que realizou um levantamento de dados sobre o tema e promoveu uma pesquisa piloto sobre vitimização rural com 141 produtores rurais do DF.
Segundo a pesquisa, quase 2/3 dos produtores entrevistados já foram vítimas de algum crime. A intenção da CNA é fazer esse levantamento periodicamente e ampliar a pesquisa para todos os estados do País.
Na quinta (3), os debates continuam com as apresentações da Polícia Militar e os encaminhamentos do painel com as propostas de trabalho para avançar no tema.
Assessoria de Comunicação CNA