CNA debate na Câmara impactos da seca e da geada na produção agropecuária

Geada no Rio Grande do Sul. Foto: Foto: Divulgação – Prefeitura de Serafina Correa (RS)/Michel Alban

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou, nesta quarta-feira, de audiência pública na Câmara dos Deputados, para discutir os impactos da geada e da seca na produção agropecuária, em especial nas lavouras de café e hortifrúti e na pecuária leiteira.

O debate semipresencial foi realizado na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) e reuniu representantes do governo e do setor produtivo.

O coordenador de Produção Agrícola da CNA, Maciel Silva, apresentou os impactos de eventos meteorológicos (seca e geada) nas safras de café, milho, feijão e hortaliças. Segundo ele, o déficit hídrico promoveu atraso e afetou o desenvolvimento do milho segunda safra, que foi agravado pelo impacto das geadas no final do ciclo.

“O potencial da safra foi reduzido em mais de 22 milhões de toneladas, afetando fortemente a oferta do cereal no mercado”, disse Silva.

O café também sofreu déficit hídrico, que, somado à bienalidade negativa, provocou a redução de 22% no volume produzido da safra. “No entanto, o cenário torna-se mais catastrófico com a cumulatividade do impacto das geadas, que afetarão a safra de 2022”, explicou o coordenador da CNA.

Custos

Além dos efeitos climáticos, Silva citou o aumento dos custos de produção, que tem contribuído para o estreitamento das margens dos produtores. “Os altos preços dos fertilizantes, o aumento dos custos com diesel e energia estão gerando impactos expressivos nos custos, tornando ainda mais desafiador o processo de gestão das propriedades rurais”.

Gestão de risco

Em sua apresentação, o representante da CNA mostrou algumas propostas para amenizar os efeitos climáticos e mercadológicos. Uma delas é a gestão de risco.

“Analisando os dados do seguro rural, o café, as orelícolas e a pecuária ainda têm participação muito incipiente na utilização desse instrumento, principalmente quando se leva em consideração o alto valor agregado, a relevância econômica e principalmente os altos riscos dessas atividades. É necessário aprimorar os produtos de seguro e garantir recursos para subvenção”, disse Silva.

Cobertura

Para a horticultura, o coordenador de Produção Agrícola da CNA sugeriu a criação de um produto de seguro multirrisco e cobertura para eventuais danos às infraestruturas de produção.

Para o café, as propostas sugerem a criação de um seguro paramétrico e multirrisco com cobertura dos danos às plantas e a adoção de modelos que permitam a mensuração adequada de dano em safras seguintes de eventos como geadas, granizo e seca, com um olhar criterioso para as duas espécies: arábica e conilon.

Já para o milho, a sugestão é incentivar as seguradoras a desenvolver e melhorar produtos de seguro por talhão, para plantio consorciado e milho para silagem, e aumentar o percentual de subvenção do milho primeira safra, para aumentar a atratividade do cereal frente à soja e estimular o plantio em importantes regiões consumidoras.

Aprimoramento

“Nós precisamos ir além. Temos de aprimorar os modelos meteorológicos e de divulgação da informação e atualizar o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC). Ter informações públicas com qualidade e agilidade e que sejam acessíveis a todos é o primeiro passo para a assertividade das tomadas de decisão”, concluiu Silva.

Legislação

Com relação às propostas legislativas, a CNA reforçou a importância de o parlamento aprovar a Medida Provisória nº 1.064/2021 e o Projeto de Lei 5.925/2019, que vão contribuir para o reajuste da oferta de insumos para a produção animal.

“Precisamos ter a sensibilidade de entender a peculiaridade do momento e fornecer condições legais para que essas atividades possam ser conduzidas de forma a atender eficientemente a demanda por proteína animal do mercado interno”, disse Silva.

 

 

Fonte: CNA

Equipe SNA

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