Clima e câmbio influenciam alta do Índice de Preços ao Produtor

‘A compra externa de carnes bovinas brasileiras aumentou, fazendo com que diminuísse a oferta do produto internamente’, destaca Alexandre Brandão sobre elevação de preços dos alimentos

 

Com um aumento de 3,15% em agosto, o grupo de alimentos, associado ao de fumo (2,87%), outros equipamentos de transportes (2,86%), e de calçados e artigos de couro (2,69%), teve importante impacto na alta de 1,48% no Índice de Preços ao Produtor (IPP). A pesquisa, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também mostrou que a taxa foi maior que a registrada em julho (1,21%). As condições climáticas e a desvalorização do câmbio no período são apontadas como vilãs para a elevação do índice.

Segundo o IBGE, o porcentual de alta dos alimentos, em agosto deste ano, foi o maior desde maio de 2012 (3,23%). Com isso, o acumulado em 2013 saltou de 1,08% em julho para 4,26% em agosto. Na comparação com os preços do mês de referência com os de igual período de 2012, os mais recentes estiveram 4,67% maiores que os outros. Nesta relação, o IPP de agosto é o quinto maior do ano contra 13,22% em janeiro, 11,88% em fevereiro, 8,81% em março e 5,82% em abril.

Conforme relatório do instituto, o resíduo da extração de soja é o único produto em destaque, tanto em termos de variação de preços quanto de influência, no comparativo da passagem de julho para agosto. Na avaliação de Alexandre Brandão, gerente da pesquisa do Índice de Preços ao Produtor do IBGE, o clima seco e a demanda interna colaboraram para o aumento substancial dos alimentos no mês passado.

“No caso do resíduo de extrato de soja, os preços subiram impactados pelas questões climáticas nos Estados Unidos e no Brasil. Além disso, alguns produtores usaram o extrato de soja como complemento alimentar dos animais, o que fez com que a demanda interna subisse”, pontua Brandão. “Levando em conta a farinha de trigo, como nosso país importa o trigo, a desvalorização cambial de 4%, observada na passagem de julho para agosto, associada à questão climática e menor oferta do produto, fez com que os preços se elevassem”, ressalta o coordenador do IBGE.

Brandão explica que a pesquisa não avalia um produto isolado – como a soja, por exemplo -, dentro do grupo de alimentos. “O conjunto formado por tortas, farelos e outros resíduos da extração de óleo de soja; farinha de trigo; sucos concentrados de laranja; e carnes de bovinos frescas ou refrigeradas foi responsável por 1,85% de elevação de preços dos 3,15% do grupo todo, no mês passado”, destaca.

A mesma análise serve, de acordo com o coordenador do IBGE, para justificar o aumento de preços do suco de laranja e das carnes bovinas que passaram por uma fase de entressafra de abates, em agosto. “Além disso, a compra externa de carnes bovinas brasileiras aumentou, fazendo com que diminuísse a oferta do produto internamente”, informa Brandão.

 

OUTROS DADOS

De acordo com o órgão, o resultado de agosto do IPP foi o terceiro maior da série – analisada desde dezembro de 2009 –, abaixo apenas dos dados observados em maio de 2012 (1,69%) e janeiro de 2010 (1,50%). Em 2013, até o oitavo mês do ano, o IPP já acumulou elevação de 4,3% e em 12 meses, de 5,67%. O Índice de Preços ao Produtor mede a inflação dos valores de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, de 23 segmentos da indústria de transformação. No total, 22 das 23 atividades pesquisadas apresentaram elevação.

A pesquisa do IBGE mostra também que o setor de refino de petróleo e derivados do álcool alcançou, em agosto, variação de 0,86% sobre julho, mantendo tendência de elevação registrada desde junho passado. Em 2014, o setor acumula 5,65%, valor 0,09 pontos porcentuais maior que o registrado em julho. Nos últimos 12 meses, agosto de 2013 contra agosto do ano passado, registrou-se 3,07%.

O indicador de agosto contra julho teve, como principal influência em termos de produtos, dois produtos da cadeia do petróleo com variação positiva (querosenes e naftas), e dois com variação negativa (óleo diesel e outros óleos combustíveis), também da cadeia de petróleo, e álcool etílico (anidro ou hidratado). Somados, os quatro representaram 0,78 p.p., de um total de 0,86% de todo o setor.

 

POR EQUIPE SNA/RJ

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp