Chuvas na China complicam cenário mundial do arroz

O mercado de arroz, um dos cereais mais consumidos no mundo, sofre uma série de pressões internacionais. Os preços do produto, que estão no patamar mais elevado em dez anos, deverão continuar subindo.

Condições climáticas adversas, pressão inflacionária e oferta menor do cereal estão levando governos de países produtores e consumidores a interferirem no mercado.

Começou com a Índia, a segunda maior produtora mundial e líder em exportações. Devido à alta interna de preços, o governo proibiu exportações do arroz branco não bamasti em 20 de julho.

Os preços externos reagiram porque os indianos são responsáveis por 40% do volume de arroz comercializado no mercado externo. Tailândia e Vietnã vêm a seguir com 15,30% e 13,50%, respectivamente.

Agora é a China, que devido a chuvas e enchentes em três das regiões produtoras do cereal, vai ter quebra de produtividade. As três regiões respondem por um quinto da produção do país.

Os indianos produzem 130 milhões de toneladas, e os chineses, 150 milhões, segundo dados do USDA. A Tailândia, a segunda maior exportadora mundial, pediu aos produtores que diminuam a área de arroz devido à falta de água no país.

A produção mundial de arroz deverá totalizar 521 milhões de toneladas na safra 2023/24, um volume próximo ao do consumo. O desempenho da produção chinesa dará diretrizes ao mercado, uma vez que o país é o maior consumidor mundial.

As estimativas mais recentes indicam importações de 7 milhões de toneladas pelos chineses, 13% do volume negociado no comércio internacional, que é de 56 milhões de toneladas.

No Brasil, os preços continuam subindo e estão a R$ 93,20 por saca, a maior cotação nominal desde o início de 2021, período de entressafra.

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) reduziu a a produção para 10 milhões de toneladas na safra 2023/24, segundo estimativa deste mês, mas elevou o volume de exportação para 1.7 milhão de toneladas. As exportações encontram um cenário internacional favorável de preços.

Com a queda da produção interna, o Ministério da Agricultura reavaliou o VBP (Valor Bruto de Produção) do cereal para R$ 17.5 bilhões neste ano. Em 2021, chegou a R$ 20 bilhões.

Por Mauro Zafalon
Fonte: Folha
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