Chuvas e doenças prejudicam produção brasileira de mamão

O tempo chuvoso e as elevadas temperaturas do verão castigaram duplamente a produção brasileira de mamão. Nos dois maiores Estados produtores do País, Espírito Santo e Rio Grande do Norte, o amadurecimento precoce dos frutos reduziu a qualidade da safra em meio ao avanço de doenças virais. “O cenário está crítico [no Rio Grande do Norte] em relação a doenças porque a presença do vírus do mosaico está bastante difundida”, disse Geraldo Ferregueti, diretor da Agrícola Caliman.

Nesse contexto, o preço médio pago ao produtor pelo mamão formosa no Rio Grande do Norte em abril ficou em R$ 1,04 o quilo, alta de 65% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento realizado pelo Cepea/Esalq. No Espírito Santo, a valorização foi de 172,3%, para R$ 1,47 o quilo. Em abril, a capital capixaba recebeu o triplo do volume normal de chuvas. Em Natal, as precipitações ficaram 7% acima da média, segundo a Climatempo.

“Sem dúvida há reclamação pelo excesso das chuvas no Rio Grande do Norte, principalmente quanto aos frutos formosa, plantados em volume considerável para exportação”, disse José Roberto Fontes, diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex).

Após recuar 14% em 2017, a área no Estado deverá apresentar nova queda este ano devido ao corte de pés atingidos pela meleira e pelo mosaico. Ambas as doenças afetam tanto a produtividade quanto a qualidade dos frutos, comprometendo a oferta. O avanço dos sintomas é lento e, uma vez que eles são identificados, a única solução é eliminar as árvores. Segundo estimativa do Cepea, a diminuição da área em 2018 deverá ser de 15%, para cerca de 1.700 hectares.

Segundo Fontes, da Brapex, o avanço das viroses nesta temporada pode ser atribuído também à alta dos preços, já que alguns produtores demoram para realizar o controle sanitário, o que favoreceu a disseminação das doenças. “No início [da meleira e do mosaico], a árvore não chega a perder produção. Além disso, ainda não é possível ver uma infestação no fruto, que se mantém sem depreciação comercial”, disse o diretor da Brapex.

Passado pouco tempo, contudo, a virose aumenta de forma vertiginosa, o que alimenta as expectativas de queda na área plantada no Rio Grande do Norte. As previsões em âmbito nacional, contudo, são divergentes. No Espírito Santo, as projeções indicam aumento da área por causa da valorização do fruto. “Estamos saindo de uma estação chuvosa e existe uma boa expectativa de preço. Após queda em 2017 com preços, começamos 2018 com preços estratosféricos”, disse Ferregutti, da Caliman.

Com uma safra de 1.4 milhão de toneladas em 2016, o Brasil é o segundo maior produtor e exportador mundial da fruta, perde para a Índia na produção e para o México na exportação. De janeiro a março deste ano, o país exportou 5.700 toneladas de mamão, por US$ 6.4 milhões, quedas de 50,4% em volume e de 44,8% em receita na comparação com o mesmo período de 2017.

 

Fonte: Valor

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