Chuvas da próxima semana acendem sinal de alerta para a colheita da soja

O Brasil já está com pouco mais de 5% de sua área de soja colhida, mas os produtores das principais regiões do país não tiram os olhos do céu. As chuvas continuam ocorrendo de maneira quase que generalizada, e as maiores concentrações ainda se dão na região central. E as previsões indicam, para os próximos dias, uma intensificação dessas precipitações.

Segundo um levantamento da AgResource Company, nos próximos 5 dias, as chuvas deverão ser bastante expressivas em todo o Centro Oeste, na região do Matopiba e no norte do Paraná. Já nos próximos 6 a 10 dias, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais podem ter volumes acumulados de até 175 mm. No Paraná, os volumes também serão bastante elevados.

 

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Esse excesso de chuvas já tem causado, em algumas regiões, um ritmo mais lento dos trabalhos de colheita, afetando a qualidade dos grãos, que perdem peso e já se mostram avariados, com as lavouras prontas e a impossibilidade de serem colhidas. As situações mais críticas são aquelas onde há mais áreas já dessecadas.

Para o presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, os produtores devem se manter atentos às previsões e estar conscientes dos prejuízos que um quadro como este pode causar. “Em um ano de tão boa produtividade, não conseguir colher o grão com qualidade é o que preocupa agora. O produtor tem é de ‘brigar’ pela classificação do seu produto”, disse.

Paraná

Um levantamento do Notícias Agrícolas mostra que o Paraná, neste momento, é o estado onde a situação é a mais crítica. Segundo José Eduardo Sismeiro, presidente da Aprosoja PR, desde o último domingo (29), os trabalhos de campo estão praticamente parados no estado, com os grãos já perdendo qualidade. E caso essas condições continuem e as chuvas da próxima semana se confirmem, a média esperada de produtividade no Paraná pode ser menor. As regiões mais afetadas pelo precipitações excessivas são o Oeste e o Noroeste paranaense.

“No início, achávamos que a safra deste ano poderia ser melhor, mas nessas condições, já não temos tanta certeza”, disse Sismeiro. Sendo assim, “a orientação para o produtor é que ele aproveite cada trégua dada pelas chuvas e tire sua soja do campo, mesmo que com um pouco mais de umidade”.

Segundo o produtor rural Valdir Fries, na região de Itambé, há produtores que têm trabalhado até às 22h para aproveitar os intervalos entre as chuvas. Somente de quinta (2) para sexta-feira (3), as chuvas foram de 60 mm de forma generalizada. Com isso, as primeiras colheitas já apresentam um percentual de 3% de grãos avariados.

“Estamos com 3% agora, mas com mais 3 ou 4 dias de chuvas como estas, esse percentual pode subir e, a partir de 6% já começamos a ter os descontos das tradings”, disse Fries. Ainda segundo o produtor, porém, apesar dessa qualidade ligeiramente menor, a produtividade vai bem na região, com cerca de 60 sacas por hectare. “Mas isso não tem servido de média”, disse Fries.

Mato Grosso

Em Mato Grosso, a situação é semelhante a do Paraná. Porém, há alguns dias, as chuvas deram uma trégua, o que permitiu algum avanço da colheita no estado. Segundo os últimos números do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), pouco mais de 30% da área já foi colhida, contra 14,4% no mesmo período do ano passado.

Alguns municípios já começam a registrar perdas de qualidade em suas lavouras, e um dos casos mais graves é o de Lucas do Rio Verde. No município, segundo informações levantadas pela ferramenta Crop View, o excesso de umidade já reduziu parte do potencial de produtividade da soja por lá. Algumas áreas receberam mais de 100 mm de chuvas a mais do que o necessário para algumas cultivares. E a região seguirá recebendo muitas chuvas nos próximos dias, com alguma janela para a retomada dos trabalhos de colheita somente entre os dias 11 e 13 de fevereiro. Ainda assim, não da forma mais adequada possível.

Na região dos Parecis, na semana passada as chuvas foram fortes e travaram a colheita, mas nesta semana permitiram a melhora do ritmo, que foi aproveitada pelos produtores, segundo o consultor agronômico Paulo Assunção, da PA Consultoria Agronômica. “Tivemos cerca de 10 a 15% de grãos ardidos”, disse Assunção, afirmando ainda que as chuvas previstas para a próxima semana preocupam e muito.

Na região de Nova Mutum, a colheita tem evoluído também de forma melhor nestes últimos dias, com o clima trazendo algumas boas oportunidades de avanço. “Não tivemos perdas consideráveis por conta das chuvas. Quase todo dia chove, mas quando abre o tempo, dá para colher bem”, disse o presidente do Sindicato Rural do Município, Luiz Carlos Gonçalves.

A média de produtividade da região tem ficado em 55 sacas por hectare e, se o clima continuar da maneira que está, esse índice deve se manter. Caso as chuvas se intensifiquem, esse quadro pode mudar. “O grosso da colheita na região começa agora nos próximos dias e vai até 10 de março”, disse Gonçalves.

Em Sapezal, quadro parecido. A média de rendimento das áreas já colhidas chega também a algo entre 55 e 56 sacas por hectare – resultado do avanço realizado na trégua das chuvas, segundo Cláudio José Scariote, produtor local. Os maiores problemas por lá, porém, têm sido a armazenagem e as grandes filas de caminhões nos secadores. “O fluxo dos secadores é lento e não tem dado conta. Há alguns dias, havia de 150 a 200 caminhões nas filas para entregar essa primeira soja colhida”. A mesma situação pode acontecer também pelo Paraná, com a chegada da colheita das lavouras mais tardias, e com o fluxo de secagem também limitado.

Em Querência, a média de rendimento da soja também é de 55 sacas por hectare até esse momento. As lavouras, de uma forma geral, estão em boas condições e trazendo bons resultados, segundo Osmar Frizzo, vice-presidente do Sindicato Rural local.

Em Nova Ubiratã, o quadro é o mesmo e a produtividade média, também. “Temos conseguido colher todos os dias. Tiramos um pouco de grão ardido e agora estamos de olho nas chuvas da semana que vem”, disse Albino Castilho, presidente do Sindicato Rural.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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