A CHS, maior cooperativa agrícola dos Estados Unidos, pretende ampliar de forma significativa sua atuação no mercado brasileiro de fertilizantes. O grupo tem dois projetos já aprovados para erguer mais duas unidades de mistura de adubos no país, uma em Paranaguá (PR) e outra em Rondonópolis (MT). Uma delas poderá começar a ser construída ainda neste ano. Os investimentos em ambas somam cerca de R$ 100 milhões.
A CHS já conta com duas unidades do gênero no Brasil – uma em Paranaguá e outra em Rio Grande (RS), operadas com parceiros. Em 2012, foi firmada uma joint venture com a paranaense Andali Operações Industriais, que presta serviços de logística, armazenagem e carregamento na área de fertilizantes, para operar a unidade em Paranaguá. A CHS detém 50% da Andali, segundo Alexandre Basile, diretor de fertilizantes da CHS no Brasil.
A matéria-prima para a fabricação dos adubos, a maior parte importada, é nacionalizada, armazenada e industrializada pelos parceiros conforme a mistura padrão de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) demandada pelos produtores. E a CHS é responsável pela comercialização junto a seus clientes finais, normalmente cooperativas, revendas e grandes produtores.
Embora a CHS atue na área de grãos há mais de uma década no Brasil, a operação na área de fertilizantes começou em 2010, com a distribuição de apenas 34 mil toneladas. O volume subiu para 50 mil em 2011, chegou a 280 mil em 2012 e, no ano passado, atingiu 440 mil toneladas. A previsão para 2014 é que a distribuição alcance cerca de 550 mil toneladas.
A expectativa é que depois do início das operações das duas novas unidades, previsto para daqui a três ou quatro anos, a distribuição da CHS alcance 1 milhão de toneladas por ano, afirma Basile. As novas misturadoras devem ser erguidas em parceria com a Andali.
Hoje, no segmento de fertilizantes, a CHS atua mais fortemente nos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul e parte de Mato Grosso – além do Paraguai, por meio da subsidiária da CHS no país vizinho, que é abastecido com exportações brasileiras.
As operações de troca de produto agrícola por fertilizantes, também conhecidas por “barter”, são mais utilizadas pela CHS no Centro-Oeste, já que no Sul, muitas vezes, são seus clientes (cooperativas e revendas) que realizam as operações de troca. A soja é a cultura que mais demanda os fertilizantes do grupo americano, seguida pelo milho.
Apesar de a distribuição da CHS ainda representar uma parcela modesta do mercado brasileiro, o volume movimentado está 30% acima do que a cooperativa tinha planejado há alguns anos, de acordo com Basile.
De acordo com as estatísticas mais recentes da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), as entregas de fertilizantes ao consumidor final vêm batendo sucessivos recordes no Brasil. No ano passado, alcançaram 31,1 milhões de toneladas, 5,4% mais que em 2012. No primeiro trimestre deste ano, o volume somou quase 6 milhões de toneladas, 11% mais que em igual intervalo de 2013. E segundo apurou o Valor, as compras dos agricultores para o plantio da próxima safra de verão também já estão mais aquecidas.
Diante dessa expansão do mercado nacional de fertilizantes, a CHS planeja ser, no médio prazo, uma empresa com atuação nacional na área. Para tal, afirma Basile, a cooperativa terá de ter alguma posição na região do “Mapito” – confluência entre os Estados de Maranhão, Piauí e Tocantins – e em outros Estados.
A operação de fertilizantes já representou, no ano passado, de 15% a 20% do faturamento total da CHS no Brasil, que somou US$ 1,3 bilhão. O restante da receita é proveniente das operações de movimentação de grãos, que alcançaram 3 milhões de toneladas. Globalmente, a CHS tem um faturamento de US$ 44 bilhões.
O grupo americano também mantém, em nível global, uma trading de comercialização de fertilizantes para vários players do mercado, inclusive concorrentes. Nesse caso, para o Brasil foram enviadas no ano passado cerca de 100 mil toneladas e, neste ano, a expectativa é chegar a cerca de 250 mil toneladas. O destino desses fertilizantes são outras empresas brasileiras. O volume não é contabilizado pela operação de fertilizantes no país.
Fonte: Valor Econômico