A China se afastou claramente do mercado de soja nos Estados Unidos, depois das ordens recíprocas de fechamento de consulados, indicou a T&F Consultoria Agroeconômica. O “azar” brasileiro é que o gigante asiático teve de aumentar suas compras na América do Sul (leia-se Argentina), diante da pouca disponibilidade de grão no Brasil.
A perdurar essa atitude, a queda da demanda pela soja americana levaria à queda nas cotações da Bolsa de Chicago a médio e longo prazo, pelo menos enquanto durar a disputa (os mais dramáticos já falaram até em algo obsoleto, como a volta da guerra nuclear).
É um fator negativo para as cotações e prêmios no Golfo e no PNW, mas muito positivo para o Brasil, porque a demanda chinesa deverá aumentar os prêmios da soja brasileira, segundo a T&F.
Para os analistas, porém, existe outro fator importante: a queda de produtividade nas lavouras de soja dos EUA, em que pesem os relatórios que afirmam que ‘as previsões climáticas não oferecem ameaça’.
Mas o fato é que as lavouras já estão atingidas pelo atraso no plantio e pelo excesso de calor e falta de umidade no início da semeadura. Este é um elemento de alto a médio prazo (a colheita será em setembro, ou seja, dentro de dois meses).
Este fator tem um peso maior do que a tensão EUA-China, porque não pode ser revertido, ao contrário da disputa política, que sempre pode ser retrocedida. Dessa forma, o agravamento da tensão entre EUA e China terá duração e efeito limitados, menor do que uma eventual e quase certa quebra da safra americana, indicam os analistas da T&F.
De qualquer forma, tanto a elevação da disputa sino-americana, como a provável redução da safra são fatores positivos para o preço da soja no Brasil, porque elevarão as cotações em Chicago (se a safra quebrar) e os prêmios da soja brasileira (se os chineses derem preferência ao Brasil).
Por isso, a recomendação da T&F continua a mesma: “Plante toda a soja que puder, porque não deverá faltar demanda; mas, feche os contratos agora, enquanto o dólar ainda está alto, porque, com as vacinas contra a Covid-19 e a retomada das economias mundiais, a tendência é que o dólar caia a médio e longo prazo”.
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