Aqui, talvez mais que no exterior, a reabertura do mercado chinês à carne bovina norte-americana vem sendo amplamente comentada. Entre nós, porque o processo implica em concorrência direta dos EUA nas exportações brasileiras do produto.
O que não tem sido informado é que essa reabertura é resultado de um acordo entre as duas potências mundiais. Acordo que, naturalmente, tem duas mãos de direção. E o oferecido aos chineses em contrapartida à aceitação da carne norte-americana foi a permissão de importação, pelas empresas dos EUA, de carne de frango cozida produzida na China.
Basta conhecer um pouco das exigências e da burocracia dos EUA em relação a esse tipo de importação para compreender que vai levar muito tempo até que um produto da avicultura chinesa entre no mercado norte-americano.
Mesmo assim, a entidade que representa a indústria norte-americana da carne de frango em Washington decidiu não perder tempo com a possibilidade de concretização da concorrência chinesa. Em comunicado levado às autoridades dos EUA, o Conselho Nacional do Frango (NCC na sigla em inglês) defendeu o livre comércio, mas ressaltou que ele deve ser praticado “como uma rua de duas mãos”. Assim, se a carne chinesa pode entrar no mercado norte-americano, a China deve propiciar idêntico acesso à carne de frango dos EUA.
Não custa lembrar, há dois anos e meio a avicultura norte-americana está impedida de acessar o mercado chinês. O embargo começou em janeiro de 2015 e envolve não apenas a carne de frango, mas todos os produtos da avicultura, inclusive material de reprodução.
O veto foi implantado a partir do momento em que os EUA anunciaram os primeiros casos de Influenza Aviária em seu território. Então, perdeu-se um mercado de cerca de 120.000 toneladas anuais de carne de frango (2014), volume parcialmente preenchido no ano seguinte com importações brasileiras (79.000 toneladas em 2015, 35% a mais que no ano anterior).
De toda forma, as exportações de carne de frango dos EUA para a China já foram bem maiores. Em 2008 e 2009, por exemplo, superaram as 330.000 toneladas anuais. Mas ainda que o país não volte a alcançar esse volume, o lobby do frango norte-americano em Washington vai lutar pelo retorno ao mercado chinês.
Fonte: AviSite