China deve acelerar compras de produtos agrícolas dos EUA, afirma executivo da Cofco

A China vai implementar a Fase 1 do acordo comercial com os Estados Unidos e deve acelerar as compras de produtos agrícolas dos Estados Unidos, informou nesta quinta-feira um executivo da trading agrícola estatal Cofco durante evento online do setor.

O governo chinês se comprometeu a efetuar compras adicionais de produtos agrícolas dos EUA no valor de US$ 32 bilhões ao longo de dois anos, cumprindo a Fase 1 do acordo comercial assinado em janeiro. A meta tem como base os valores de 2017.

“A China ainda vai implementar o acordo comercial e as chances são grandes de que o país acelere as compras”, disse o vice-diretor geral da Cofco International na China, Zhang Hua.

A soja foi o principal produto agrícola dos EUA enviado para a China em 2017, com cargas no valor de US$ 12 bilhões, e traders esperavam que o país continuasse a comprar grandes volumes da oleaginosa.

Mas, segundo Zhang, as margens de esmagamento em queda e um esperado aumento nos estoques de soja da China nos próximos meses poderiam fazer com que a compra de grãos dos EUA não fosse economicamente atraente para processadores de soja.

Compradores chineses já adquiriram grandes volumes de soja do Brasil, principal fornecedor, para entrega nos próximos meses, que se somarão aos embarques de outros meses atrasados pelas condições climáticas, o que deve levar a aumentar os estoques, tanto de soja quanto de farelo de soja.

Zhang disse que poderá levar cinco meses para que essa soja seja “digerida” e que o pico dos estoques deverá ser em julho ou agosto, pressionando os preços do farelo. “Esmagadores chineses enfrentarão margens ruins de esmagamento por um longo período no futuro, talvez até setembro”, afirmou.

Traders esperam que os desembarques de soja na China cheguem a nove milhões de toneladas por mês em maio, junho e julho, bem acima dos níveis normais.

As importações de soja da China em 2019/20 devem somar 87.5 milhões de toneladas até o final de agosto, segundo Zhang, incluindo 63.73 milhões de toneladas de soja do Brasil e cerca de 13.70 milhões de toneladas dos EUA.

No ano-calendário 2019, a China comprou 16.94 milhões de toneladas de soja dos EUA, pouco acima das 16.6 milhões de toneladas de 2018, quando os embarques caíram quase pela metade em relação ao ano anterior, devido à disputa comercial entre norte-americanos e chineses.

“Mesmo se os preços dos EUA não forem adequados para os esmagadores, estatais ainda poderiam importar dos EUA”, disse o analista chefe da consultoria Shanghai JC Intelligence, Li Quiang, na mesma conferência.

“As compras seriam feitas com base em condições de mercado e considerações comerciais. Essas considerações poderiam ser tanto de empresas privadas quanto de estatais.”

 

Reuters

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