A China está mudando o foco da sua política agrícola, abandonando sua obsessão por autossuficiência em função de atender melhor a demanda interna por consumo, aponta o novo relatório de Política Rural do país. Quebrando a tradição dos últimos seis anos, o documento, publicado no domingo (5), omitiu qualquer referência a uma “autossuficiência básica” nas safras de commodities, que era um pilar chave da agricultura do país ao longo da última década.
Essa ausência é o sinal mais recente de que o governo está mudando de rumo após anos de apoio à produção de grãos como o milho, trigo e arroz, o que levou a grandes estoques, porém, sem mercado. Agora, Pequim precisa absorver esse excesso de colheitas e compensar uma demanda estagnada, na medida em que o crescimento da economia do país também diminui.
“Ninguém pensou que a China poderia manter a autossuficiência do jeito que eles fizeram. Eles basearam a medida em um suporte de preços e isso foi extremamente caro”, disse Erlend Ek, gerente de pesquisa em agricultura na China Policy, uma empresa de consultoria baseada em Pequim.
A China abandonou os preços mínimos para o milho no ano passado. Esta semana o país também confirmou que irá manter o suporte para o trigo e o arroz neste ano, porém, com preços futuros mais alinhados ao mercado.
Os grandes estoques de grãos permitem que a China foque menos no tamanho da colheita e invista mais em tornar o setor agrícola mais preparado para enfrentar futuras crises de estoques, investindo bilhões de yuans em irrigação, infraestrutura e revitalização das fazendas.
Tang Renjan, deputado-chefe da frente agrícola do Partido Comunista, afirmou a repórteres que o foco foi mudado com o propósito de balancear oferta e demanda, “melhorando qualidade e competitividade e aprimorando a habilidade de um desenvolvimento sustentável na agricultura”. O documento aponta para a estabilização na produção de suínos, para o estímulo na demanda por laticínios e também para a busca de novos canais de utilização dos estoques de milho.
Renjan destaca ainda o papel do mercado internacional em ajudar a China a encontrar a demanda, em um forte sinal do crescimento da aceitação de importações por parte de Pequim. “Isso significa muito para o mercado global”, acrescentou Ek. “A meta do desenvolvimento agrícola é encontrar a demanda. Ela pode vir internamente ou internacionalmente que está tudo certo”.
Fonte: Pork Network/Notícia Agrícolas