O governo e o setor privado brasileiro fazem projeções sobre potenciais ganhos na exportação de carne bovina para a China, depois que o presidente chinês Xi Jinping prometeu autorizar mais frigoríficos brasileiros a fornecer seus produtos ao País. Em conversa com o presidente Michel Temer, Xi fez declarações que soaram como música para os brasileiros, ao se dizer “garoto propaganda” da carne brasileira, que considera uma das melhores do mundo.
O Brasil tem 16 plantas autorizadas a exportar hoje e há 89 pedidos de habilitação aguardando decisão das autoridades chinesas. Para o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, se o número de plantas autorizadas for ampliado, o Brasil poderá dobrar as exportações das carnes em geral para o mercado chinês em pouco tempo. Em 2016, as vendas alcançaram US$ 1.75 bilhão.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Camardelli, vai na mesma linha. Ele estima que uma planta média nova pode produzir de 1.000 a 1.500 toneladas por mês, com ganho adicional por volta de US$ 7 milhões.
Se também tiver resultado um memorando de entendimento sobre regras comuns para certificação de alguns produtos, o Inmetro brasileiro avalia que pode haver um aumento no faturamento com as vendas de carne bovina ao país asiático.
“Se fizermos a certificação de todo o rastreamento, desde o pasto até a prateleira do supermercado, não haverá necessidade de inspeção rotineira”, disse Carlos Augusto Azevedo, presidente do Inmetro. “E se pudermos trocar a exportação de carne congelada por resfriada, o ganho será importante. A China não aproveita isso hoje por falta de certificação na rastreabilidade”.
Para a Abiec, o presidente chinês deu um alento grande ao setor. Os produtores brasileiros pareciam mais fragilizados após a Operação Carne Fraca, que investiga suposto esquema de corrupção envolvendo fiscais sanitários e funcionários de frigoríficos. João Sampaio, diretor de relações institucionais da Minerva Foods que esteve quatro vezes em um ano na China, interpreta a declaração de Xi como um “fast-track” ou procedimento acelerado, na habilitação de novos frigoríficos.
A Abiec levou a Pequim uma lista de demandas, incluindo autorização de venda de carne bovina com osso. Também quer o retorno do aval para vender carne enlatada à China, uma vez que depois da interdição temporária da carne brasileira em decorrência da Carne Fraca, a venda não foi autorizada novamente.
O Brasil tenta obter autorização também para exportar mais miúdos de bovinos à China. Apesar do otimismo, é sempre válido lembrar que o país costuma demorar para implementar o que anuncia.
Fonte: Valor