Cerrado já tem trigo melhor com o dobro da produtividade da Argentina

“O Cerrado já tem trigo de melhor qualidade e com o dobro da produtividade da Argentina. Basta aumentar a produção”, aponta a Consultoria TF Agroeconômica. Segundo o “Estudo comparativo de lucratividade – trigo x milho safrinha”, o cereal de inverno tem potencial para ser mais viável no inverno do Paraná para cima.

“O estudo mostra que é possível reverter esta situação se forem colocados e atingidos gradualmente os ‘objetivos’ de produtividade ao redor de 7.500 kg/hectare. O Distrito Federal e a Bahia já atingem 6.000 kg/hectare. Falta relativamente pouco, portanto”, indicam os analistas.

Segundo o Departamento de Análise da TF, neste momento, o Cerrado (5.600/6.000 kg/hectare) já produz o dobro da Argentina (2.820 kg/hectare) e com melhor qualidade (o glúten do trigo argentino caiu de 28/30 para próximo a 22 nos últimos nove anos, enquanto o do trigo produzido no Cerrado se mantém por volta de 28/30, muito próximo da qualidade canadense).

Neste momento, há três obstáculos claros no meio do caminho, segundo a TF Agroeconômica:

a) Os países do Hemisfério Norte (que produzem) e as multinacionais/tradings (que vendem) não tem nenhum interesse em aumentar a produção brasileira de trigo para manter o País como o segundo maior importador mundial do cereal e para não fazer concorrência à produção deles.

O atual quadro de necessidades do Hemisfério Norte mostra que há mais necessidade de aumentar a produção de milho do que de trigo. No Brasil, são os dois, mas a de milho já está encaminhada e a de trigo, ainda não. Assim, o grande investimento das empresas de insumos atualmente é no milho, não no trigo. Mas isto poderia ser revertido com uma decisão do governo.

b) Os moinhos brasileiros do litoral, para quem a importação de trigo argentino está muito cômoda, barata e conveniente, não precisam mudar o atual modus operandi da sua atuação. E nem é sua função produzir trigo, apenas moê-lo a preços lucrativos.

Trigo produzido em outros estados do mesmo Nordeste (como estão começando a ser plantados na Bahia, Sergipe e Alagoas, com ótimos resultados), teriam de pagar ICMS, encarecendo o custo. Por enquanto, a operação mais lucrativa é a de importação de trigo argentino (talvez depois também, então precisaria compor).

c) O Mercosul, especialmente a Argentina, que perderia seu mercado cativo de venda ao Brasil e teria de ser obrigada a diversificar e intensificar a busca por novos compradores.

 

Fonte: Agrolink

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