Cepea divulga tendências para o mercado Agro em 2020

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, divulgou algumas tendências para o mercado Agro nesse início de 2020.

Soja: produção recorde deve exigir demanda aquecida em 2020

A produção brasileira de soja deve registrar novo recorde na safra 2019/20, cenário que deve exigir do Brasil maiores demandas interna e, especialmente, externa. Segundo informações do CEPEA, depois do atraso no início do semeio, o ritmo das atividades se acelerou em outubro. Em seguida, com o retorno das chuvas em maior intensidade, o desenvolvimento das lavouras foi favorecido, gerando expectativas de elevada produtividade, exceto no caso das áreas cultivadas primeiramente. Assim, a Conab estima que o Brasil deve produzir uma safra recorde de 120.86 milhões de toneladas de soja.

Milho: preços devem se sustentar em 2020

A safra 2019/20 deve começar com disponibilidade restrita de milho, num cenário de consumo doméstico crescente. A nova safra de verão deve ficar em linha com a registrada em 2019, o que não deve alterar de forma expressiva a disponibilidade interna no 1º semestre. Assim, segundo pesquisadores do CEPEA, há fatores de sustentação de preços no curto prazo, o que tende a estimular o semeio da cultura na segunda safra e, consequentemente, a elevar a oferta no 2º semestre. O forte movimento de alta nos preços domésticos no último trimestre de 2019 estimulou produtores a aumentarem a área semeada com milho primeira safra.

Informações da Equipe de Custos do CEPEA mostram que houve melhora nas relações de troca entre produtos e insumos nas principais regiões acompanhadas.

Suínos: cenário pode se manter positivo em 2020

O balanço positivo registrado em 2019 deve se repetir neste ano, segundo expectativas de agentes consultados pelo CEPEA. Isso deve ocorrer devido à diminuição na produção global de suínos, ocasionada pelos casos de Peste Suína Africana (PSA) na Ásia.

O USDA indicou que a produção total de suínos deve recuar 10% em 2020 frente ao ano anterior, devido às quedas da oferta na China, nas Filipinas e no Vietnã.

Apesar de as perspectivas, de modo geral, serem favoráveis para o setor, os diferentes cenários que o mercado de grãos pode assumir preocupam agentes. A demanda internacional incerta e as tensões ou mesmo possíveis acordos comerciais entre China e Estados Unidos podem gerar movimentos distintos nos preços dos principais insumos da atividade, milho e farelo de soja.

Frango: apesar de possível aumento da produção, demanda de manter preços firmes

A demanda por carne de frango deve seguir firme em 2020, cenário que pode sustentar as cotações da proteína ao longo do ano, segundo indicam pesquisadores do CEPEA.

A produção global da carne, por outro lado, deve aumentar 4% em 2020, segundo dados do USDA. A gradual recuperação econômica e a recente trajetória de alta nos preços das carnes bovina e suína tendem a favorecer o consumo doméstico da proteína de origem avícola. Já no mercado externo, os efeitos dos surtos de Peste Suína Africana (PSA), especialmente na China, devem continuar beneficiando as vendas da carne brasileira.

Boi: oferta reduzida e demanda firme podem continuar sustentando os preços

Segundo pesquisadores do CEPEA, a reduzida oferta de animais para abate e a possível continuidade da demanda internacional aquecida devem manter o mercado pecuário firme neste ano. A disponibilidade de animais está baixa em todas regiões acompanhadas, resultado, de modo geral, do crescente abate de fêmeas em anos recentes. Além disso, os preços considerados baixos por operadores de mercado entre 2017 e o início de 2019 também desestimularam parte dos pecuaristas, o que freou o ritmo de investimentos nos últimos anos. Quanto à procura, a esperada melhora da economia tende a elevar a demanda por carne bovina. Contudo, o atual alto patamar dessa proteína pode fazer com que parte dos demandantes migre para proteínas mais competitivas, como a suína e a de frango.

Trigo/CEPEA: cultivo de trigo em 2020 pode aumentar no Brasil

A sinalização de preços maiores no Brasil e o possível atraso na janela ideal para o plantio do milho segunda safra nos estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul podem atrair produtores consultados pelo CEPEA para o plantio de trigo em 2020. No Rio Grande do Sul, onde há percentual expressivo das áreas que acabam recebendo apenas culturas de coberturas de solo, também poderá haver maior cultivo de trigo.

Se isso acontecer, a oferta doméstica do cereal pode ser maior no último quadrimestre do ano, o que tende a impactar sobre as cotações em todo o segundo semestre deste ano. Quanto aos derivados, boa parte de moinhos se mostra abastecida para o primeiro trimestre de 2020. Agentes consultados pelo CEPEA apontam que deverá haver elevação nos preços da farinha e do farelo no início do ano, uma vez que os valores do trigo em grão subiram. No caso do farelo, as valorizações do milho também tendem a sustentar as cotações do derivado.

Açúcar: Sem moagem na maioria das usinas, clima de entressafra predomina em dezembro/19

Pesquisas do CEPEA apontam que, como a maioria das usinas do estado de São Paulo encerrou a moagem em novembro, o clima de entressafra predominou no mercado spot no mês de dezembro. Em especial para o cristal Icumsa 150, a oferta esteve restrita, ao mesmo tempo em que compradores buscaram maiores quantidades, principalmente nos primeiros 20 dias de dezembro. Segundo levantamento do CEPEA, no último mês de 2019 foi captado o maior volume de cristal negociado no spot, considerando-se a safra 2019/20, ou seja, desde abril.

Em dezembro, a média do Indicador CEPEA/ESALQ, cor Icumsa de 130 a 180, mercado paulista, foi de R$ 70,18/saca de 50 kg, alta de 6,90% em relação à de novembro, de R$ 65,65. Diante disso, o Indicador voltou no patamar real verificado nos primeiros meses da safra 2019/20, abril e maio, quando o mercado também registrava baixa oferta do cristal, valores deflacionados pelo IGP-DI, base novembro/19.

Na última semana, especificamente, a movimentação foi baixa, tendo em vista que muitos agentes estavam em férias coletivas. De 30 de dezembro a 3 de janeiro, a média do Indicador CEPEA/ESALQ foi de R$ 73,17/saca de 50 kg, queda de 0,78% em relação à de 23 a 27 de dezembro (R$ 73,75/saca de 50 kg).

Etanol: Cotação do hidratado segue elevada em SP

Nas últimas duas semanas, o ritmo de negócios de etanol seguiu bastante lento, comportamento já esperado pelos agentes do mercado consultados pelo CEPEA. Ainda que pontuais, algumas distribuidoras fizeram reposições, enquanto outras devem voltar ao mercado nos próximos dias. Do lado vendedor, as recentes e fortes valorizações do petróleo deixaram alguns agentes de usinas consultados pelo CEPEA mais firmes nos preços de negociação.

Além disso, o período de entressafra e a perspectiva de continuidade da demanda aquecida também influenciaram a postura de algumas usinas. Nesse cenário, o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado (preço ao produtor) registrou alta de 1,46% em relação ao da semana anterior, fechando a R$ 2,0454/litro (sem ICMS e sem PIS/COFINS) entre 30 de dezembro e 3 de janeiro. No caso do etanol anidro, o Indicador CEPEA/ESALQ foi de R$ 2,2218/litro (sem PIS/COFINS), aumento de 0,88% no mesmo comparativo.

Fonte: Cepea

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