O diferencial de preços entre o café robusta e o arábica atingiu na terça-feira o menor nível da série histórica devido à escassez do grão do primeiro tipo após seguidas quebras de safra pela seca, informou nesta quarta-feira o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP).
O Indicador Cepea/Esalq do tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechou a R$ 515,16 a saca de 60 kg para o café arábica, enquanto o indicador do robusta do tipo 6 peneira 13 acima (a retirar no Espírito Santo) fechou a R$ 507,09/saca de 60 kg.
A cotação do café robusta é a maior da série do Cepea, iniciada em novembro de 2001, com os preços já ajustados pela inflação, encurtando a diferença para o arábica.
Os preços do café robusta vêm registrando recordes reais praticamente diários desde 18 de agosto deste ano, acrescentou o centro de análises.
A safra 2016/17 de café robusta foi fortemente prejudicada pelo clima tanto no Espírito Santo quanto em Rondônia, e as expectativas são de que a próxima temporada (2017/18) também registre baixa produção, observou o Cepea, em linha com a posição de outros analistas.
“Nesse cenário, produtores de robusta estão retraídos, negociando apenas lotes pequenos, conforme a necessidade de ‘fazer caixa'”, afirmou o Cepea em relatório.
O órgão lembrou que a seca e a falta de água para irrigação fizeram com que muitos cafeicultores do Espírito Santo arrancassem os pés de cafés, com o mesmo acontecendo em Rondônia.
No final do mês passado, a Conab indicou que a colheita de robusta 2016/17 no Espírito Santo somou aproximadamente 5 milhões de sacas de 60 kg, queda de mais de 30% em relação a temporada passada. Em Rondônia, outro importante produtor, a Conab estimou produção de 1.7 milhão de sacas, recuo de mais de 5%.
“Mas colaboradores do Cepea indicaram que a colheita (em Rondônia) não superaria 1 milhão de sacas. A qualidade do café foi comprometida pelo clima nos dois estados”, disse o centro de estudos.
A escassez severa levou o governo brasileiro a vender parte de seus estoques de café de safras passadas, visando equilibrar o mercado.
A situação tende a ficar ainda mais apertada em 2017, uma vez que representantes de produtores e especialistas estimam uma queda expressiva na produção do ano que vem, no período de baixa do ciclo bianual do arábica.
Nesta quarta-feira, a Fundação Procafé estimou a safra total do Brasil em 2017 em 39 milhões de sacas, queda de cerca de 20% em relação a este ano.
O Brasil é o maior produtor global de café arábica e o segundo de robusta, atrás do Vietnã.
Fonte: Reuters