CEPEA: Confira as agromensais de MAIO/2023

Açúcar

Os preços médios do açúcar cristal branco estiveram firmes ao longo de maio. Ainda que o tempo mais seco no mês tenha contribuído para o bom desempenho da colheita e do processamento da cana-de-açúcar, poucos foram os lotes do cristal Icumsa até 180 disponíveis para venda à pronta-entrega.

Usinas paulistas consultadas pelo Cepea priorizaram a entrega do açúcar já contratado, tanto para o mercado interno quanto para o externo, cenário que deu sustentação aos preços médios da saca do cristal no spot paulista.

O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou alta de 1,03% em maio, fechando a R$ 148,73/saca de 50 kg no dia 31. A média mensal foi de R$ 148,82/saca de 50 kg em maio/23, elevação de 5,53% em relação à de abril/23 (R$ 141,03/sc) e avanço de 12,85% frente a maio/2022 (R$ 131,88/saca de 50 kg), em termos nominais. Segundo a União da Indústria de Cana-de-açúcar e Bioenergia (Unica), a região Centro-Sul colheu, de 1º de abril/23 até 16 de maio, 78,97 milhões de toneladas de cana, aumento de 24,18% frente ao mesmo período do ano passado.

A produção de açúcar cresceu 48,04% na mesma comparação. Além disso, nesse mesmo período, o mix de produção nas usinas atingiu 45,61% para o açúcar, contra apenas 38,5% no mesmo período de 2022.

Internacional

Os valores do demerara negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) seguiram firmes em maio, sustentados pela expectativa de clima adverso em várias regiões produtoras de açúcar do mundo.

Segundo dados do Centro de Previsão do Clima da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), existe uma possibilidade de 90% de que o El Niño venha a se desenvolver nesta temporada. Além disso, relatório da Organização Internacional do Açúcar (OIA) mostrou recuo importante no superávit na produção global do açúcar na atual temporada mundial (2022/23) – o volume excedente foi estimado em 852 mil toneladas, bem inferior às 4,151 milhões de toneladas previstas no relatório de fevereiro.

Para a Organização, a queda na produção na Índia e na Tailândia e a desaceleração das exportações brasileiras nos últimos meses têm contribuído para o menor superávit e para a consequente alta nos preços.

Algodão

Após caírem por quatro meses consecutivos, os preços do algodão em pluma subiram em maio. O impulso veio sobretudo da postura mais firme de vendedores, que estiveram atentos aos momentos de altas no valor externo da pluma e da paridade de exportação. As cotações internas também foram sustentadas por ofertas de compra ligeiramente maiores, na tentativa de atrair vendedores.

Como os preços no Brasil ainda estão operando abaixo da paridade de exportação, alguns vendedores passaram a se interessar mais por contratos para escoar a pluma ao mercado externo, limitando a disponibilidade no spot nacional.

Com a reação nos preços e também com a proximidade da entrada de um maior volume da safra 2022/23, uma outra parcela de vendedores aproveitou para comercializar lotes da pluma. Além disso, no início de maio, principalmente, com as consecutivas quedas nos preços domésticos, tradings efetuaram novas aquisições, elevando a liquidez, inclusive para lotes de algodão com característica e/ou qualidade inferior.

Os preços externos mais elevados também atraíram agentes para negociar a pluma que ainda será disponibilizada nos segundos semestres de 2023 (safra 2022/23) e de 2024 (safra 2023/24). Esse tipo de negócio é fechado a valor fixo e/ou a ser estabelecido posteriormente.

Do lado comprador, houve maior interesse para negócios de prontaentrega e/ou de contratos a termo já envolvendo a safra 2022/23. Para adquirir pluma de melhor qualidade, compradores aceitaram os valores mais elevados pedidos por vendedores. Outros demandantes, contudo, ainda compram lotes de maneira pontual, seja para uso imediato e/ou reposição de estoque, devido à baixa demanda ao longo da cadeia têxtil.

Algumas indústrias relataram ligeira melhora nas vendas, de modo geral, em relação ao mês anterior. Com a demanda enfraquecida, comerciantes adquirem volumes apenas para cumprir com as programações e/ou “negócios casados”. Em maio, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, acumulou alta de 3,4%, fechando a R$ 4,1127/lp no dia 31.

Mesmo com o avanço no mês, a cotação esteve, em média, 3,7% inferior à paridade de exportação. A média mensal de maio foi de R$ 3,9288/lp, 8,88% abaixo da de abril/23 e 49,02% inferior à de maio/22. Trata-se, também, da menor média mensal desde julho/20, quando chegou a R$ 3,8754/lp, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de abril/23).

Mercado internacional

De 28 de abril a 31 de maio, o dólar se valorizou 1,8% frente ao Real, fechando a R$ 5,079 no dia 31. O Índice Cotlook A subiu 2,52% no mês, a US$ 0,9375/lp no dia 31. Assim, as paridades de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) registraram alta de 4% em maio, para R$ 4,1425/lp (US$ 0,8156/lp) no porto de Santos (SP) e R$ 4,1530/lp (US$ 0,8177/lp) no de Paranaguá (PR), também no dia 31.

Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), entre 28 de abril e 31 de maio, o vencimento Jul/23 subiu 3,32%, a US$ 0,8348/lp. Já o contrato Out/23 recuou 1,76%, a US$ 0,8031/lp; o Dez/23, 2,01%, a US$ 0,7947/lp; e o Mar/24, 1,95%, a US$ 0,7956/lp.

Arroz

As cotações do arroz em casca registraram baixas em praticamente todos os dias de maio no Rio Grande do Sul – no acumulado do mês (de 28 de abril a 31 de maio), o recuo foi de 6,3%. Esse contexto está atrelado à necessidade de caixa de produtores, à menor paridade de exportação e à pressão de outras commodities, como soja e milho.

Quanto à movimentação no mercado, está enfraquecida. Compradores aguardam novas quedas de preços, enquanto vendedores estão retraídos, de modo geral. De acordo com colaboradores do Cepea, produtores estão negociando apenas lotes pontuais, para pagamentos de contas no curto prazo, pois aguardam melhores condições de mercado. Indústrias, por sua vez, estão focadas na venda do arroz beneficiado, em detrimento das aquisições do casca. De 28 de abril e 31 de maio, o Indicador CEPEA/IRGA-RS (58% de grãos inteiros, com pagamento à vista) recuou 6,29%, fechando a R$ 82,75/sc de 50 kg no 31, a menor cotação nominal desde 17 de novembro de 2022.

Especificamente entre abril e maio, a queda na média mensal foi de 3,25%, saindo de R$ 87,99/saca de 50 kg (em abr/23) para R$ 85,13/sc (em mai/23).

Dentre as microrregiões que compõem o Indicador CEPEA/IRGA-RS, o cenário também foi baixista. A Planície Costeira Externa apresentou recuo de 4,45% entre um mês e outro (a baixa mais significativa dentre as microrregiões), com média de R$ 86,98/sc em mai/23.

A Planície Costeira Interna registrou diminuição de 4,01%, a R$ 86,39/sc. Na Zona Sul, Fronteira Oeste, Depressão Central e Campanha, as quedas foram de 3,81%, 3,09%, 2,11% e 1,99%, a R$ 87,04, R$ 84,08/sc, R$ 83,64/sc e R$ 83,17/sc em mai/23, na mesma ordem.

Para as demais faixas de rendimento acompanhadas pelo Cepea, o preço médio do produto com 50% a 57% de grãos inteiros no Rio Grande do Sul registrou baixa de 3,99% entre abr/23 e mai/23, encerrando a R$ 81,38/sc de 50 kg. Para os grãos com 59% a 62% de inteiros, o recuo foi de 3,33%, a R$ 85,35/sc. Quanto ao de 63% a 65% de grãos inteiros, o valor registrou decréscimo de 2,65% na mesma comparação, a R$ 86,97/sc.

Mercado varejista

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15 – considerado uma prévia da inflação), divulgado pelo IBGE no dia 25 de maio, apontou elevação de 0,51% no mês. Especificamente para o arroz, na média nacional, entre 14 de abril e 15 de maio de 2023, os dados do IPCA-15 indicam aumento de 0,65% em relação ao período entre 16 de março e 13 de abril deste ano.

Boi

Os preços do bezerro (de 8 a 12 meses), do boi gordo para abate e da carne negociada no mercado atacadista recuaram com certa força ao longo de maio. Esse movimento verificado em toda a cadeia pecuária nacional esteve atrelado sobretudo à maior oferta de animais neste final de safra. A maior disponibilidade de gado em 2023 – especialmente de fêmeas –, por sua vez, é resultado de investimentos realizados pelo setor pecuário nos últimos anos e também do período de desmame.

Quando analisada a variação dos preços médios do bezerro de janeiro a maio de anos anteriores, notam-se altas de 2013 a 2015, quedas de 2016 a 2018, e, novamente, elevações entre 2019 e 2021, e desvalorizações em 2022 e em 2023, caracterizando um ciclo produtivo atual de maior produção.

E a desvalorização do bezerro ao longo dos últimos dois anos coloca certa pressão sobre os preços do boi gordo. Assim, mesmo diante das exportações de carne bovina em patamares elevados, a maior oferta de animais no campo resulta em queda nos preços da arroba.

Diante da pressão sobre os preços no campo, os valores da carne negociada no atacado da Grande São Paulo também passaram a recuar com certa intensidade na segunda quinzena de maio. Assim, depois de permanecer em relativa estabilidade por meses – de agosto de 2022 até a terceira semana de maio, a carcaça casada do boi foi negociada nas casas dos R$ 18/kg e R$ 19/kg –, a proteína bovina fechou a R$ 17,08/kg no dia 31 de maio, com queda de 7,7% no acumulado do mês. Trata-se do menor valor diário nominal desde o final de dezembro de 2020. Já a média de maio do preço da carcaça casada foi de R$ 18,12/kg, recuos de 5% frente à de abril e de 10% em relação à de maio/22, em termos reais.

O ritmo de negócios envolvendo o café arábica cresceu um pouco no encerramento de maio. Segundo colaboradores do Cepea, esse cenário esteve atrelado ao aquecimento na procura de agentes de indústrias por cafés mais finos. E o volume comercializado no spot nacional ainda foi limitado pelos atuais patamares de preços, considerados não muito atrativos por produtores.

Vale lembrar que o arábica chegou a ser negociado próximo de R$ 1.500/saca de 60 kg no primeiro semestre do ano passado, o que fez com que muitos se capitalizassem naquele período.

Em maio, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura, registrou média de R$ 1.039,88/saca, contra R$ 1.220,00/sc em maio do ano passado, em termos reais (deflacionado pelo IGP-DI). O grão de qualidade inferior também vem sendo negociado em patamares inferiores aos registrados no ano passado.

O arábica rio foi comercializado à média de R$ 920/saca em maio, contra R$ 1.080,00/saca em maio do ano passado, em termos reais. Inclusive, o preço dos cafés “fine cup” esteve similar ao que foi verificado para a “bebida rio” no mesmo período de 2022. No dia 31 de maio, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, fechou a R$ 991,05/saca de 60 kg, forte baixa de 8,06% no acumulado do mês.

Ressalta-se que o Indicador não fechava abaixo dos R$ 1.000/sc desde 8 de janeiro deste ano. Já quanto ao robusta, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, peneira 13 acima, encerrou o mês a R$ 700,64/saca de 60 kg, avanço de 4,87% no acumulado de maio.

Etanol

Dados do Cepea mostram que, em maio, o volume de etanol anidro negociado no mercado spot do estado de São Paulo foi o maior desde setembro de 2021. A proximidade da mudança tributária no regime monofásico, iniciada no último dia 1º de junho, resultou em aceleração dos negócios de anidro para consumo interno (no estado de São Paulo) e de outros estados. Assim, distribuidoras participaram de maneira mais ativa, adquirindo maiores volumes tanto em São Paulo quanto em outros estados do Centro-Sul.

A vantagem comparativa de preços da gasolina C frente ao de etanol hidratado nas bombas das principais cidades consumidoras de combustíveis também contribuiu para o aumento da demanda pelo anidro no elo produtor. Em São Paulo, em média, a relação entre a gasolina e o etanol hidratado ficou em 73,3% em maio, contra 71,8% em semanas equivalentes de 2022, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP).

No caso do etanol hidratado, segundo o Cepea, o volume vendido pelas usinas em maio chegou a crescer 35% frente ao de abril, mas, ainda assim, ficou 18% abaixo do comercializado em igual período de 2022. Quanto aos preços, considerando-se as semanas cheias de maio, a média do Indicador CEPEA/ESALQ do hidratado foi de R$ 2,5930/litro, queda de 11,7% na comparação com a do mês anterior.

No caso do anidro, no mesmo comparativo e considerando-se somente o mercado spot (Indicador CEPEA/ESALQ), a redução foi de 9,07%, com a média de maio a R$ 3,0246/litro.

Frango

Apesar da boa liquidez e da elevação dos preços da carne de frango no início de maio, as desvalorizações ocorridas a partir da segunda quinzena resultaram em queda no valor médio mensal frente a abril. Esse movimento de pressão sobre os valores nas últimas semanas de maio, por sua vez, esteve atrelado sobretudo à demanda enfraquecida pela carne. Trata-se do segundo mês consecutivo de baixa nos preços.

De abril a maio, o valor médio do frango inteiro congelado caiu 2,7% no atacado do estado de São Paulo, passando para R$ 6,55/kg no último mês. Para o inteiro resfriado, a média de maio foi de R$ 6,58/kg, com recuo mensal de 2,2%.

No mercado de cortes e miúdos da Grande São Paulo, dentre os produtos acompanhados pelo Cepea, o preço do peito congelado registrou a maior baixa de abril para maio, de 3,2%, com a média a R$ 7,99/kg no último mês. GRIPE AVIÁRIA – O Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) já confirmou 19 casos de aves silvestres contaminadas pelo vírus H5N1, ou Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) – foram treze no Espirito Santo, cinco no Rio de Janeiro e um no Rio Grande do Sul.

Colaboradores do Cepea afirmam que todas as medidas sanitárias preventivas estão sendo tomadas em conjunto com instituições governamentais, a fim de evitar que o vírus não atinja as granjas comerciais, tais como inspeção, restrição de pessoas nas granjas, desinfecções mais frequentes e monitoramento de aves silvestres próximo a granjas.

Vale lembrar que, no dia 22 de maio – sete dias após o primeiro caso –, o Mapa declarou estado de emergência zoossanitária em todo o País, para agilizar estratégias de combate em conjunto com os demais Ministérios, instituições governamentais federais, estaduais e municipais.

Milho

As cotações internas do milho atravessaram mais um mês em queda e operaram em maio nos menores patamares nominais desde agosto de 2020. Os principais fundamentos para os recuos foram: estimativas indicando safras volumosas no Brasil e nos Estados Unidos, onde o clima esteve favorável na maior parte de maio, e a redução na demanda, pois compradores postergaram as aquisições, à espera de desvalorizações mais intensas com o avanço da colheita de segunda safra, que começou em maio no Brasil.

No acumulado do mês, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa registrou forte queda de 18%, fechando a R$ 53,77/sc de 60 kg no dia 31. A média do mês, de R$ 58,16/sc, ficou 22,3% inferior à de abril e foi a menor desde agosto de 2020, em termos nominais, quando havia sido de R$ 56,62/sc.

Nas regiões acompanhadas pelo Cepea, entre 28 de abril e 31 de maio, as quedas foram de 12,3% nos preços pagos ao produtor (balcão) e de 16,1% para negociações entre empresas (mercado disponível). As médias mensais recuaram 20,6% e 21% entre abril e maio, nesta ordem.

Exportação

O ritmo de negócios nos portos foi baixo durante todo o mês, e os embarques estiveram enfraquecidos, uma vez que a safra recorde de soja foi prioridade nas entregas nos portos. Agentes indicaram que a oleaginosa deve seguir como prioridade nos próximos meses, o que pode limitar o volume de milho escoado pelo Brasil – isso evidencia os problemas logísticos na exportação brasileira de grãos, diante de colheitas recordes.

Os embarques brasileiros foram de apenas 384,88 mil toneladas em maio, inferior às 1,08 milhão de toneladas embarcadas em maio/22. Quanto aos preços, em Paranaguá (PR), a média de maio foi 19% inferior à do mês de abril.

Mercado externo

Enquanto a colheita na Argentina evidencia as quebras na produção, o bom avanço na semeadura nos Estados Unidos deixou agentes otimistas quanto à produção. A semeadura de milho nos Estados Unidos atingiu 92% da área esperada até o dia 28 de maio, acima da média dos últimos cinco anos, que é de 84%, de acordo com o USDA.

Na Argentina, a colheita alcançou 28,6% da área nacional com os rendimentos das lavouras argentinas abaixo do previsto, com estimativa de produção de 36 milhões de toneladas, segundo a Bolsa de Cereales. Quanto aos preços, influenciados pelas previsões de safra volumosa, acumularam queda no mês. Na Bolsa de Chicago (CBOT), entre 28 de abril e 31 de maio, o primeiro vencimento recuou 6,6%, fechando o dia 31 a US$ 5,94/bushel (US$ 233,84/t).

Ovinos

As negociações envolvendo ovinos estiveram enfraquecidas ao longo de maio. De acordo com pesquisadores do Cepea, as cotações do animal oscilaram, mas com as quedas prevalecendo. Dentre todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, o Rio Grande do Sul segue apresentando o menor valor do quilo do cordeiro vivo. Em maio, o animal foi cotado na região a R$ 7,00/kg, retração de 0,7% em relação a abril.

No Paraná, na mesma comparação, houve baixa de 2,3%, com o cordeiro sendo comercializado à média de R$ 12,58/kg em maio. Segundo colaboradores consultados pelo Cepea, o mercado está “parado”, e a oferta de animais está acima da demanda, acarretando em pressão sobre os valores do animal. No Centro-Oeste, os preços apresentaram estabilidade de abril para maio.

Em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul e em Goiás, as médias do cordeiro vivo permaneceram estáveis, a R$ 9,00/kg, a R$ 11,00/kg e a R$ 13,00/kg, respectivamente. Em São Paulo, o animal apresentou desvalorização de 1,4% de abril para maio, negociado à média de R$ 12,33/kg no último mês. Vale destacar que, em maio, os preços de outras proteínas também apresentaram quedas de preços, o que limitou uma reação nos preços do cordeiro vivo.

Soja

As condições climáticas favoráveis à semeadura da soja no Hemisfério Norte e a finalização da colheita no Brasil pressionaram as cotações nos mercados internacional e doméstico em maio. O enfraquecimento da demanda externa também pesou sobre os valores, visto que consumidores globais postergaram as aquisições, na expectativa de adquirir lotes a preços menores nos próximos meses.

Esses agentes estiveram fundamentados na ampla oferta mundial da oleaginosa, prevista pelo USDA em 410,58 milhões de toneladas na temporada 2023/24, um novo recorde e 10,8% superior às 370,4 milhões de toneladas projetadas para a safra atual (2022/23). A colheita da soja já foi praticamente encerrada no Brasil, alcançando, até 27 de maio, 99,2% da área, de acordo com a Conab. As regiões que faltam finalizar as atividades são Maranhão (93%) e Rio Grande do Sul (96%).

Assim, uma parcela dos agricultores realizou a operação barter (troca de saca de soja por insumos e fertilizantes para a safra 2023/24). Embora o ritmo de negócios tenha crescido no mês, a comercialização desta temporada segue lenta frente às anteriores.

De acordo com a Seab/Deral, apenas 43% das 22,3 milhões de toneladas produzidas no Paraná haviam sido comercializadas até o dia 25 de maio, contra mais de 65% na média das últimas cinco temporadas. Em Mato Grosso, o Imea sinaliza que 66% da safra havia sido negociada até o início de maio, abaixo dos 74,35% de igual período da temporada anterior e dos 85,43% na média das últimas cinco safras.

O Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá (PR) teve média de R$ 138,11/sc de 60 kg em maio, recuos de 4,9% sobre abril e de expressivos 26,2% sobre maio/22, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de abr/23). A média no último mês é a menor desde fev/20, em termos reais.

O Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná registrou queda significativa de 5,7% entre abril e maio e de fortes 28,3% em um ano, com média de R$ 131,16/sc de 60 kg no último mês, o valor mensal mais baixo desde mar/20, em termos reais. Entre abril e maio, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores cederam 6,9% no mercado de balcão (pago ao produtor) e 5,4% no de lotes (negociações entre empresas). Na comparação anual, as quedas foram de 31,4% e de 30,4%, respectivamente. O dólar se desvalorizou 0,7% entre abril e maio, com média de R$ 4,98, no último mês – a menor em um ano.

Trigo

Em maio, os produtores brasileiros de trigo estiveram focados na semeadura da nova safra, que está avançando no País. Estimativas indicam que a área nacional com o cereal deve crescer em 2023.

No entanto, a produção pode ser inferior ao recorde registrado em 2022, devido à possibilidade de menor produtividade da nova safra. De acordo com dados divulgados pela Conab em maio, a área com trigo deve aumentar 7% no Brasil, para 3,3 milhões de hectares, impulsionada principalmente pelo crescimento de 12,5% previsto para o Paraná.

As áreas com trigo também devem aumentar na Bahia, em Mato Grosso do Sul e em Minas Gerais. Já para Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Distrito Federal e São Paulo, estimativas apontam manutenção de área. Por outro lado, para a produtividade, a previsão é bem menor que a registrada na temporada passada, ficando, na média nacional, em 2,9 t/ha, recuo de 15,4%.

Com isso, por enquanto, a oferta nacional de trigo está estimada em 9,6 milhões de toneladas, 9,4% inferior à da temporada passada, que foi recorde. Além disso, a Conab estima importação de 5,6 milhões de toneladas e exportação de 2,6 milhões de toneladas.

O consumo está projetado em 12,42 milhões de toneladas, 0,2% maior que a estimativa para 2022. A disponibilidade interna está prevista em 16,44 milhões de toneladas, recuo de 0,2% em comparação a 2022. Assim, os estoques finais, em julho/23, seriam de 1,42 milhão de toneladas.

Mercado externo

Em termos globais, o USDA estima a produção de 2023/24 em 789,8 milhões de toneladas, 0,2% superior à da temporada 2022/23, com altas representativas apontadas para Argentina, Índia e União Europeia. Por outro lado, o USDA estima consumo mundial de 791,7 milhões de toneladas em 2023/24, sendo 0,4% inferior ao de 2022/23. Com isso, os estoques finais podem somar 264,3 milhões de toneladas, queda de 0,7%, no mesmo comparativo.

Em relação às exportações da safra 2023/24, o USDA prevê volume de 212,5 milhões de toneladas transacionadas, 0,2% inferior ao da safra 2022/23, com Rússia, União Europeia e Canadá como principais exportadores. Vale ressaltar que as exportações da Austrália e da Ucrânia devem recuar de forma expressiva, com volumes 8 milhões e 5 milhões inferiores à safra anterior, respectivamente.

No mercado externo, a baixa do primeiro vencimento na Bolsa de Chicago foi de expressivos 7,1%, em comparação a abril/23, com médias de US$ 6,1669/bushel (US$ 227,70/t) para o Soft Red Winter na CBOT. Na Bolsa de Kansas, o contrato Maio/23 do trigo Hard Winter cedeu apenas 0,3% em maio, com média de US$ 8,4773/bushel (US$ 311,49/t) para o Hard Winter em Kansas.

A baixa foi influenciada por chuvas em regiões produtoras dos Estados Unidos e pela proximidade da colheita naquele país.

Fonte: CEPEA
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