As usinas do centro-sul do Brasil processaram 22.378 milhões de toneladas de cana-de-açúcar até 16 de abril, na primeira quinzena da safra 2020/21. O volume é 61% maior do que o total de 13.9 milhões de toneladas moídos em igual período do ano passado.
Segundo dados divulgados pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), a moagem representa o segundo maior índice histórico para a quinzena, menor apenas do que as 32.94 milhões de toneladas registradas na safra 2016/17.
A Unica informou que 178 empresas estavam em operação no período, das quais seis produzem apenas etanol de milho. Na mesma data do ciclo passado, 157 unidades industriais estavam em plena atividade. A expectativa é que mais 32 unidades iniciem a safra nesta segunda quinzena de abril e outras 29 comecem as atividades em maio.
A entidade ressalta, entretanto, que cerca de 20 empresas adiaram o início do processamento da safra 2020/21 por causa do cenário de incerteza atual, em decorrência da crise no setor.
Com 39,69% da oferta total de cana destinada ao açúcar e 60,31% ao etanol, a produção do adoçante atingiu 948.000 toneladas na primeira metade de abril, com alta expressiva de 178,89% em relação ao período de 2019, quando a produção foi de 340.000 toneladas.
A produção do biocombustível totalizou 982 milhões de litros na primeira quinzena de abril, o que corresponde a um aumento de 32,70% em relação ao mesmo período da safra passada, de 740 milhões de litros.
A Unica reforçou, em comunicado, que esse volume inclui o etanol produzido a partir do milho, cuja produção “totalizou 86.30 milhões de litros até 16 de abril, contra 49.07 milhões de litros no mesmo período do ciclo 2019/2020, e com aumento de 75,87%”.
Nos primeiros 16 dias da safra 2020/21, foram produzidos 802 milhões de litros de hidratado, com alta de 20,44%. A produção de anidro na primeira quinzena de abril avançou 142,65%, passando de 74 milhões de litros em igual período do ano passado para 180 milhões de litros.
O teor de sacarose na cana, medido na quantidade de Açúcar Total Recuperável por tonelada processada (ATR/t), foi de 112,08 quilos (kg) na primeira metade de abril, 2,51% superior ao registrado no mesmo período da safra passada
O aumento no mix açucareiro da safra em relação à temporada anterior já era esperado, tendo em vista os baixos preços do biocombustível por causa da crise provocada pela pandemia do novo Coronavírus e pela queda nos preços do petróleo nas bolsas internacionais, destacou o diretor técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues. Nesse cenário, ele reforça a necessidade de auxílio do governo ao setor sucroenergético.
“O avanço da produção e a baixa demanda pelo combustível exigem linhas financeiras para viabilizar a armazenagem de etanol pelos produtores. Estamos no início da safra e é no período de moagem que ocorre o maior desembolso para pagamento dos custos de produção. Se não encontrarmos meios para estocar o produto, teremos uma intensificação da situação dramática vivenciada pela cadeia sucroenergética”, disse o executivo.
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