Cenário promissor para o campo argentino

A drástica mudança de direção na economia argentina promovida pelo presidente Mauricio Macri desde o ano passado revigorou o agronegócio e abriu boas perspectivas para a expansão da produção de grãos do país na próxima década, reforça estudo recém-concluído por analistas do Rabobank radicados no Brasil.

Com o fim – ou o início da retirada – das tarifas que incidiam sobre as exportações e a desvalorização da moeda local em relação ao dólar, estudo assinado por Renato Rasmussen, Adolfo Fontes e Andrés Padilla projeta incrementos contínuos e expressivos nas áreas plantadas de soja, milho e trigo até a safra 2025/26.

Em relação ao ciclo 2015/16, o maior aumento previsto pelo Rabobank é o da área de trigo, mercado no qual os exportadores da Argentina perderam espaço nos últimos para rivais dos Estados Unidos e de países da região do Mar Negro mesmo no Brasil, seu tradicional “reduto”.

Os analistas preveem que a ampliação do plantio do cereal na próxima década será de 54%, para 6 milhões de hectares. Na mesma comparação, a produção poderá crescer 74%, para 19 milhões de toneladas – a diferença de percentuais é resultado da expectativa de aumento dos investimentos em tecnologia.

No tabuleiro do milho, onde a Argentina viu parte significativa de sua clientela ser abocanhada pelo Brasil por conta de sua perda de competitividade, a área plantada poderá aumentar 46% até 2025/26, para 5.1 milhões de hectares. Para a colheita, o Rabobank estima alta de 63%, para 45.6 milhões de hectares.

Como conseguiu preservar vantagens comparativas – inclusive um parque de processamento para a produção de farelo e óleo próximo a portos – e funcionou como uma “poupança” para os produtores argentinos em meio aos obstáculos impostos na era Kirchner, a soja é o grão que deverá avançar menos.

Segundo o Rabobank, sua área poderá chegar a 21.6 milhões de hectares em 2025/26, 7% mais que em 2015/16, e a produção tende a subir 11%, para 69.2 milhões de toneladas – volume mais do que suficiente para ampliar o protagonismo argentino no mercado internacional do grão e de seus derivados.

A partir desses incrementos de área e produção, os analistas do Rabobank projetam que as exportações de soja, trigo e milho da Argentina crescerão cerca de 50% na próxima década. Em 2015, o volume conjunto embarcado atingiu 34.7 milhões de toneladas, e esse total poderá chegar a 52.5 milhões em 2025.

Apesar das boas perspectivas, o Rabobank alerta para fatores que podem limitar as expansões estimadas, tais como dificuldades no acesso ao crédito e eventuais mudanças em leis trabalhistas.

 

Fonte: Valor

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