Carta reafirma compromisso de países do Brics com inovação e sustentabilidade na agricultura

Ao final da nona reunião dos ministros da Agricultura do Brics, realizada em Bonito (MS), os representantes dos cinco países assinaram a Carta de Bonito, com 27 itens que reiteram o comprometimento com a cooperação na área agrícola. Na ocasião, os ministros concordaram em aprimorar sua colaboração nas áreas de produção de alimentos, segurança alimentar e segurança ambiental.

“Isso pode ser alcançado por meio de boas práticas agrícolas, desenvolvendo a agricultura digital e cadeias de valor para a melhor comercialização agrícola e a melhoria de renda para os agricultores”, destaca o documento, que trata de temas como inovação, comunicação do setor, startups, facilitação de comércio, princípios científicos, regionalização e sustentabilidade.

A carta enfatiza que os países do Brics estão prontos para fortalecer os mecanismos e aprimorar a comunicação em importantes temas internacionais, como o incentivo a novas soluções para o aumento da produção de alimentos, o empreendedorismo em startups de agro tecnologia, o aumento do comércio internacional, a segurança alimentar em países em desenvolvimento e o cumprimento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

Os ministros reconhecem a importância da agricultura sustentável e o papel da biotecnologia para o aumento da produtividade, usando menos terras e insumos.

“Compartilhamos o compromisso de melhorar a eficiência por meio do aumento da produtividade e custos reduzidos, e de expandir o uso de sistemas integrados e sustentáveis​​de produção de plantas e animais, para aumentar o uso da agricultura de precisão, da irrigação e de elementos da agricultura digital”.

O documento também traz o compromisso de aumentar a participação dos biocombustíveis sustentáveis​​ e outras fontes de energia renováveis​​ na matriz energética dos países do Brics e incentivar medidas para evitar a erosão do solo, incluindo a proteção das margens dos rios com vegetação nativa. “Reafirmamos nosso compromisso com a proteção do meio ambiente e sua importância para a produção agroalimentar”, destaca a carta.

Tecnologia

Os países deverão fortalecer o intercâmbio mútuo em áreas como biotecnologia e nanotecnologia, ressaltando a importância da melhor aplicação das tecnologias da informação e comunicação na agricultura, a fim de construir e melhorar a adaptabilidade da agricultura às mudanças climáticas e apoiar a bioeconomia.

“Reconhecemos que, para produzir mais alimentos de maneira sustentável, a conectividade digital rural é de suma importância. Requer desenvolvimento adicional da agricultura digital e expansão da infraestrutura digital, especialmente para aproveitar todo o potencial da tecnologia da Internet das Coisas em diferentes estágios da cadeia de produção”, informa o documento.

Regras sanitárias

Os países também se comprometeram em manter regras sanitárias e fitossanitárias baseadas em princípios científicos para “proporcionar um ambiente favorável ao comércio e ao desenvolvimento tecnológico”.

Outro ponto acordado foi o fortalecimento dos diálogos comerciais para promover a implementação de normas sanitárias e fitossanitárias internacionais, com o objetivo de harmonizar os procedimentos de exportação. A carta aborda ainda a necessidade de discussão das diferenças entre as regras internacionais de comércio eletrônico.

Outro compromisso foi o de aprimorar a comunicação entre os cinco países para facilitar o procedimento de avaliação da aplicação da certificação nas áreas livres de pragas ou doenças. “Instamos os países a avaliar solicitações de reconhecimento de condições regionais e status sanitário ou fitossanitário, de acordo com os padrões, diretrizes ou recomendações internacionais relevantes”, ressalta o documento.

Alinhamento

A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) afirma que houve um alinhamento dos cinco países sobre os temas básicos discutidos na reunião e destaca a necessidade de promoção de novas soluções para a produção de alimentos. “Sabemos da responsabilidade que teremos de alimentar 9.8 bilhões de pessoas até 2050, sendo 3.3 bilhões dentro dos países do Brics”.

A ministra diz ainda que o comércio entre os países deve ser feito com bases científicas, e não em suposições. “Não podemos trabalhar com suposições, mas sim com bases científicas neste comércio. Isso é o que vai trazer segurança para nosso consumidor interno. E aqueles que compram nossos produtos precisam ter garantias do que produzimos”.

Tereza Cristina observa que todos os países têm preocupação com a sustentabilidade na agricultura. “Acho que em todos os países hoje é o assunto que o momento requer. É uma preocupação do mundo todo produzir de maneira mais sustentável, usar tecnologia e usar a ciência como base de tudo que nós vamos fazer daqui para frente”.

Segundo a ministra, o encontro em Bonito foi proposital para mostrar a agricultura sustentável que o Brasil desenvolve. No próximo ano, o encontro será realizado na Rússia. Os representantes da Rússia, Índia, China e África do Sul agradeceram a hospitalidade de Tereza Cristina e elogiaram a iniciativa de realização do encontro em Bonito, bem como a qualidade do documento elaborado ao final do evento.

O vice-ministro da Rússia, Sergey Levin, destaca a importância da Carta de Bonito e diz que o documento irá guiar os trabalhos do grupo para o futuro. “A declaração abarca todas as áreas da cooperação que são importantes para os nossos cinco países”.

O vice-ministro da África do Sul, Mcebisi Skwatsha, lembra que a agricultura é fundamental para qualquer nação saudável. “Não viemos apenas dar uma contribuição, mas também aprender com esses grandes países”, afirma, ressaltando que os sul-africanos amam o futebol, e por isso sempre admiraram o Brasil.

O vice-ministro da China, Taolin Zhang, diz que os países do Brics são muito importantes no setor agrícola e têm recursos abundantes e muita diversidade ambiental, além de um enorme potencial de cooperação.

O secretário do ministério indiano, B. Pradhan, afirma que os países do Brics têm conhecimento, ferramentas de pesquisa e capacidade na área de agricultura, e acrescenta que o primeiro-ministro da Índia estará no Brasil em novembro.

 

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