A Caramuru Alimentos, uma das maiores processadoras de grãos de capital nacional, deu início nesta semana às operações de embarque de proteína concentrada de soja para exportação em seus terminais portuários de Itaituba, no Pará, e Santana, no Amapá.
Segundo César Borges de Sousa, Vice-Presidente da companhia, os novos terminais absorveram investimentos da ordem de R$ 50 milhões. As obras começaram em meados de 2016 e foram concluídas há três meses. Por questões burocráticas, contudo, as licenças de operação só foram emitidas agora.
Por Itaituba e Santana será escoada proteína (farelo de soja SPC) não transgênica produzida na fábrica da Caramuru em Sorriso, em Mato Grosso. O primeiro contrato na nova rota envolve 15.000 toneladas, mas o volume anual deverá chegar a 200.000 toneladas.
Essas exportações eram feitas pelo porto de Santos, no litoral paulista. Eram 18 dias de viagem de Sorriso a Santos, prazo que, pelo Norte, diminui para 15 dias. A distância percorrida cai de 12.207 para 9.695 quilômetros. A economia com frente é de 15% a 20%.
Segundo a Caramuru, agora o farelo sai de Sorriso e segue em caminhões pela BR 163 até Itaituba. No terminal, a carga é transferida para um comboio que percorre 850 quilômetros da hidrovia Tapajós-Amazonas até chegar a Santana, onde é transbordada para navios graneleiros e exportada.
No terminal de Itaituba, a companhia conta com dois silos, enquanto em Santana há três. Cada um dos cinco silos tem capacidade para armazenar sete mil toneladas. O transporte hidroviário é realizado pela HP Logística e Navegação.
Segundo Borges de Sousa, atualmente toda a proteína concentrada de soja não transgênica produzida pela empresa em Sorriso para exportação é destinada a clientes da Noruega e usada sobretudo em rações para peixes.
A Caramuru já vendeu farelo de soja SPC para o Chile, mas no momento esses negócios estão parados. Os chilenos compram, em geral, produto transgênico, mas como o prêmio pago pela proteína não transgênica na Noruega pode superar 15%, a depender das condições do mercado, a empresa concentrou o foco nos europeus.
Apesar de ser um negócio pequeno levando-se em conta que a Caramuru fatura, no total, R$ 4.2 bilhões por ano, a proteína concentrada de soja não transgênica é um dos produtos de maior valor agregado vendidos pela companhia, que tem procurado cada vez mais privilegiar margens em detrimento de volumes.
Em parte por causa dessa estratégia, a empresa viu seu lucro quase triplicar no ano passado, para R$ 69.4 milhões, e espera permanecer no azul. Nesse contexto, deixou inclusive a venda de seu controle em segundo plano.
Segundo Borges de Sousa, a Caramuru encerrou o contrato com o Morgan Stanley, que vinha prospectando interessados na empresa, cuja receita ainda é puxada por originação, processamento e exportações de grãos e pela produção de biodiesel.
“Chegamos a receber propostas, mas não gostamos”, disse. A Caramuru é uma empresa de controle familiar presidida por Alberto Borges de Souza, irmão de César. Foi fundada por Múcio de Souza Rezende, pai de ambos, em 1964.
Fonte: Valor