Campanha “Brazil by Brasil” rebate críticas

Após uma série de bombardeios da comunidade internacional ao presidente Jair Bolsonaro, sobretudo na área ambiental, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), do ministro Fabio Wajngarten, apresentou ontem detalhes da campanha de marketing que o governo encomendou para melhorar a imagem do Brasil no exterior e combater uma “narrativa negativa” que vem sendo veiculada em larga escala pela mídia estrangeira, na leitura do Palácio do Planalto.

Com foco sobretudo na Europa e intitulada “Brazil by Brasil”, a estratégia publicitária – que já conta com quatro filmes a serem divulgados em inglês, francês e alemão, tem por objetivo apontar aspectos positivos dos setores de agricultura, ambiente, infraestrutura e tecnologia e também mostrar ações do governo, como as aprovações da reforma da Previdência e da medida provisória da Liberdade Econômica.

As propagandas criadas pelas agências que atendem a Secom não fazem qualquer citação a Bolsonaro – alvo de muitas das menções negativas de veículos estrangeiros como “The Economist” e “Washington Post”.

O slogan “Conheça um novo Brasil que o mundo todo precisa conhecer” está presente na maioria das peças e foi apresentado pelo secretário de Publicidade e Promoção da Secom, Glen Valente, em audiência pública, ontem, na Comissão de Agricultura do Senado.

Ele informou que a campanha planejada ao longo dos últimos dois meses e que conta com a parceria do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), será “recorrente”, seguirá até o fim de 2019 e no ano que vem voltará a ser divulgada.

Segundo o diagnóstico do governo, a imagem da “marca Brasil” anda prejudicada no exterior, em especial nos países da União Europeia, por causa de “uma série de notícias negativas em relação ao governo e à conduta do presidente, que são as prioridades dos veículos locais”. Ainda conforme o plano de ação da campanha, a mídia internacional deixa claro na cobertura sobre o governo brasileiro que há “entraves políticos e discordâncias entre seus líderes”.

“A gente precisa combater esses temas negativos que extrapolam não só o ambiente, mas também o agronegócio. A narrativa é negativa e tem sinais de que há interesses econômicos em relação a essa desconstrução do Brasil”, disse Valente. “Pelo conceito que desenvolvemos, o Brasil com ‘s’ vai explicar para o Brasil com ‘z’ exatamente o que é o Brasil”.

Como parte do contra-ataque do governo, o secretário da Secom explicou ainda que serão feitos monitoramentos frequentes de jornais e redes sociais a respeito de notícias e comentários sobre o Brasil difundidos não só em países do bloco europeu, como também nos Estados Unidos, na Ásia (China e Japão, por exemplo) e em vizinhos sul-americanos, como Argentina e Chile. Um site, com textos em inglês, francês, alemão, espanhol e português, também será criado para divulgar vídeos e peças da campanha.

Nos últimos meses, notícias como o aumento do desmatamento no Brasil e dos focos de incêndio na Amazônia ganharam grande proporção internacional, instaurando uma crise no governo. Bolsonaro virou alvo de críticas diretas do presidente francês, Emmanuel Macron, e chegou a editar um decreto determinando operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na região, com o envio das Forças Armadas.

Como efeito, o episódio repercutiu mal no Twitter, com “hashtags” que figuraram entre as mais comentadas do mundo, como “#PrayForAmazonas” e “#BoycottBrazil” – essa última defendendo o boicote a produtos brasileiros em razão das queimadas.

Ao mesmo tempo, os discursos agressivos tanto de Bolsonaro quanto do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também foram criticados pelo agronegócio brasileiro, grande aliado do presidente, sobretudo pelos exportadores, como no caso do ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi, sócio da Amaggi, maior trading do setor agropecuário, de capital nacional.

 

Valor Econômico

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