Câmbio representa mais risco do que frete a produtor de soja do Brasil

As oscilações do câmbio no Brasil são atualmente o maior risco para os produtores de soja do país, muito mais que as incertezas relacionadas aos fretes ou a disputa comercial entre Estados Unidos e China, disse nesta terça-feira (24/7) o chefe do setor de grãos da Datagro, Flávio França Júnior.

Segundo Flávio, o cenário eleitoral tende a gerar forte volatilidade para o dólar e, a depender do vencedor do pleito, a moeda norte-americana pode estar no momento de venda da colheita em um patamar totalmente diferente do observado na época do plantio.

“O produtor pode plantar com o dólar a R$ 3,80 e, se alguém comprometido com o mercado, com reformas, vencer as eleições, poderá vender a soja com o dólar a R$ 3,20 lá na frente”, disse no intervalo do Global Agribusiness Forum (GAF), em São Paulo.

Ele comentou que está instruindo produtores a travar preços futuros para o máximo possível da próxima safra, cuja semeadura começa entre setembro e outubro e a colheita se dá a partir de janeiro.

O Brasil é o maior exportador global da oleaginosa e tende a se firmar também como maior produtor em 2018/19, à frente dos Estados Unidos.

Segundo França Júnior, a moeda norte-americana nos atuais patamares tende a impactar o uso de fertilizantes e outros insumos no momento do plantio, com os agricultores priorizando produtos com tecnologia inferior.

“Se isso vai afetar a produtividade, difícil dizer, pois se chover bem, recupera. Mas que deve ter fertilizantes com menos tecnologia, deve”, disse.

Citando números preliminares, França Júnior disse que a área semeada com a oleaginosa tende a aumentar cerca de 3% na safra 2018/19, para pouco mais de 36 milhões de hectares. Ele não estimou um número de safra.

Sobre a disputa comercial entre EUA e China, o consultor comentou que o Brasil não saiu com vantagens, apesar da potencial maior demanda chinesa pela soja brasileira.

“A queda dos preços em Chicago foi parcialmente compensada pelos prêmios mais altos. Mesmo assim, nesses últimos três meses o preço FOB de exportação de soja caiu 15%”, disse.

 

Fonte: Reuters

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