O camarão foi o campeão de aumento de preços desde o início do Plano Real. Dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) apontam evolução de 1.254% para o produto de julho de 1994 a outubro deste ano.
Já na outro ponta, entre os itens que menos subiram, está o bacalhau, com evolução de apenas 6,2%. Nesse mesmo período, a inflação média do setor de alimentação foi de 278%.
O iogurte, o símbolo do Plano Real durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2001), também se manteve entre os itens de menor variação nos governos seguintes, ao acumular 33% nesses últimos 20 anos.
Dois setores bastante representativos para a atividade agrícola do país e para a balança comercial, café e açúcar, também tiveram dificuldades para repassar preços para o varejo.
As indústrias de café aumentaram em 107% seus preços, enquanto o valor do açúcar teve alta de 113%.
O café deverá ganhar um ritmo maior de elevação nos próximos meses. Com estoques mundiais reduzidos e previsão de safra menor no Brasil, o café em pó já registra alta de 10% neste ano.
Os reajustes do açúcar também deverão ganhar força a partir do próximo ano, devido à queda dos estoques mundiais. Neste ano, por causa da oferta maior que o consumo, os preços externos caíram e provocaram redução de 7% para o produto no varejo.
Entre as carnes, a suína teve o menor reajuste do período, com alta média de 146%. Essa taxa média só não foi maior porque o lombo suíno acumulou alta de apenas 89% no período.
A carne bovina, devido à alta de preços nos últimos dois anos, já tem reajuste acumulado acima da inflação média dos alimentos. A pesquisa da Fipe apontou alta de 314% no setor nesse período.
O contrafilé e a alcatra, com aumentos de 365% e 360%, respectivamente, lideraram as altas no segmento.
O preço do frango se manteve próximo da inflação, com aumento de 299%. Já o ovo teve aumento de 264%.
O tomate, um dos produtos de maior volatilidade na inflação, liderou a alta acumulada dos preços dos hortifrútis. O produto registrou o segundo maior aumento de preço entre todos os itens pesquisados pela Fipe, acumulando 700% no período.
Os produtos “in natura” tiveram aumento médio de 292% no Real, puxados por legumes, que subiram 385%, e frutas (mais 346%). As verduras pressionaram menos o índice de inflação, ao subir 248% no período.
Os tubérculos (entre eles, batata e cebola) também perderam da inflação, ao subir 170%. O mesmo ocorreu com os cereais, que foram reajustados em 246%. A Fipe inclui nesse grupo arroz, feijão e milho. O primeiro subiu 227%, e o feijão, 329% nos últimos 20 anos, apontam os dados da Fipe.
Fonte: Folha de S.Paulo