Três anos atrás, um aumento recorde nos preços do café arábica desencadeou uma onda de investimento nas plantações do Brasil, maior produtor mundial, e os cafeicultores suaram para preencher o vácuo deixado pela América Central depois dos danos causados às lavouras pelas fortes chuvas.
No ano seguinte, 2012, a produção brasileira de café arábica aumentou 19 por cento, chegando ao recorde de 38 milhões de sacas.
Mas a disparada dos preços este ano não está tendo efeito semelhante.
Embora o preço do grão tenha saltado mais de 90 por cento em relação a novembro passado, quando teve mínima de sete anos, ele continua pelo menos 20 por cento abaixo do valor no qual os agricultores dizem poder cogitar uma injeção de dinheiro em fertilizantes ou ampliação de plantio.
Uma pesquisa da Reuters com nove cooperativas e produtores de Minas Gerais, São Paulo e Paraná revelou que os cafeicultores do Sudeste –região mais afetada por uma das piores secas em cinco décadas e que causou o aumento nos preços– não têm planos de investir mais do que o costumeiro este ano para aumentar a produção.
A seca, que chegou ao auge no período crucial entre janeiro e março e tirou dos fazendeiros até 30 por cento da safra, enfraqueceu o apetite para investir, especialmente com as dívidas que estes já acumularam depois dos preços assustadoramente baixos de 2013.
“Não vai haver muito entusiasmo para investir depois da seca. Há 30 tipos de negócios com retorno melhor que o café no momento”, disse o produtor Luis Hafers. “Por hora, meus investimentos estão parados”.
E, sem investimento em nutrientes nas lavouras nos próximos meses, pode levar anos para os pés de café do país se recuperarem, o que pode até prejudicar os suprimentos globais de arábica.
Uma estimativa oficial do Ministério da Agricultura do Brasil de maio mostra a safra de café arábica, devastada pela seca, em 32 milhões de sacas. Isso é uma queda de 16 por cento ante o ano passado. Muitos temem que a produção de 2015 seja ainda mais baixa.
Fonte: Agrolink