Café não é artigo de luxo. Por Silas Brasileiro

Foto:Pixabay/Christoph

As mudanças climáticas na safra de café em 2021, 2022 e 2023 não alteraram o fornecimento da produção cafeeira brasileira para o consumo interno e externo . Pelo contrário, o Conselho Nacional do Café (CNC), em várias oportunidades, afirmou que não faltaria produto para o abastecimento dos consumidores, tanto no mercado nacional quanto para o exterior. Isso é confirmado através da análise dos gráficos da produção e da exportação, evidenciando a normalidade do abastecimento, mesmo com o crescimento do consumo no Brasil e internacionalmente.

Aliás, o CNC tem se preocupado em alertar quanto à expansão do cultivo do café, para que não haja desequilíbrio entre oferta e consumo. Sem dúvida, isso refletiria nos preços pagos aos produtores. Nunca é demais dizer que o CNC trabalha intensamente junto à produção com foco na sustentabilidade econômica, social e ambiental, combatendo o desmatamento, os abusos da relação de trabalho e a busca da renda próspera para o cafeicultor. Através de ações diretas, como seminários, palestras, informativos ou entrevistas, o CNC também combate firmemente o trabalho análogo à escravidão.

Práticas trabalhistas

Prova disso é o convencimento junto ao governo, através dos ministérios do Trabalho e Emprego (MTE), da Agricultura e Pecuária (MAPA), do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e a Associação Brasileira das Entidades de Assistência Técnica e Extensão Rural, Pesquisa Agropecuária e Regularização Fundiária (ASBRAER), para a assinatura do Pacto pela Adoção de Boas Práticas Trabalhistas e Garantia de Trabalho Decente na Cafeicultura no Brasil, embora não tenha sido acompanhado por várias entidades de produção num primeiro momento.

Porém, o trabalho não parou e, em 2024, tivemos a assinatura de todas as entidades para o novo pacto (Ministério Público do Trabalho – MPT, Organização Internacional do Trabalho – OIT, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – Contag, Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais – Contar, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, Conselho Nacional do Café – CNC e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar), no qual avançamos para que os safristas possam ser mantidos no cadastro social, recebendo 50% da média do benefício. Esse ato aconteceu no Ministério do Trabalho, com a participação das entidades, quando o ministro Luiz Marinho anunciou o início da colheita.

Continuamos o trabalho através de audiências com atores do mercado europeu, no sentido de demonstrar a sustentabilidade social e ambiental, com apoio do MAPA, através do secretário de produção agrícola, Neri Geller, do diretor do Departamento de Comercialização, José Maria dos Anjos, e da coordenadora geral do café, Janaína Macedo, com foco na remuneração dos produtores, ou seja, no preço pago ao cafeicultor.

Portanto, café não é e nunca será um artigo de luxo. O café, com suas propriedades terapêuticas e de aproximação entre as pessoas, é um produto que devemos considerar nobre, mas não de luxo.

Por Silas Brasileiro – Presidente do Conselho Nacional do Café e membro da Academia Nacional de Agricultura da SNA 

 

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp