Cafeeiros em fase de produção respondem bem à adubação com elevadas doses de fósforo, apontam pesquisas desenvolvidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). De acordo com o pesquisador da instituição Paulo Gontijo Guimarães, que realizou estudos em parceria com a Embrapa e Universidade Federal de Lavras (Ufla), em Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal, foi observada a aplicação, em cafeeiro, de até 600 quilos do fertilizante P2O5, a base de fósforo, por hectare por ano.
Em todos esses ensaios, houve aumento na produtividade do café até as doses máximas estudadas. “Este aumento na produtividade comprova que, na cafeicultura moderna e tecnificada, é preciso rever alguns conceitos e até mesmo quebrar paradigmas”, afirma Paulo Guimarães.
Além da demanda energética das plantas por fósforo, esse nutriente ainda apresenta problemas por não ficar prontamente disponível às plantas quando aplicado ao solo. Por isso, deve ser aplicado em quantidades maiores, assim, parte fica disponível para a planta. “Quando se faz adubações com baixas quantidades desse fertilizante, quase sua totalidade fica retida no solo, sobrando pouco para a planta”, esclarece o pesquisador.
AUMENTO DA PRODUTIVIDADE EM 40%
O pesquisador da EPAMIG explica que lavouras da variedade de café Catiguá MG2 responderam bem à aplicação anual de até 3000 kg de adubo superfosfato simples por hectare em Três Pontas-MG. “O fósforo é vital para aumentar a energia das plantas. É um macronutriente que contribui na fotossíntese, para o crescimento da raiz e reprodução da planta”, afirma. Os estudos da EPAMIG mostraram um aumento de produtividade de 40%, em uma média de cinco safras, com a aplicação anual da maior dose testada.
Paulo Guimarães ressalta ainda a importância das análises de solo e de folhas para o monitoramento da lavoura, evitando desequilíbrios nutricionais nas plantas. “Para a adoção de uma tecnologia com segurança e sucesso, o cafeicultor deve sempre realizar análises periódicas em sua lavoura”, explica.
ADUBAÇÃO FOSFATADA
Na Fazenda Passeio, em Monte Belo, sul de Minas Gerais, um cafezal com mais um milhão de pés de cafés já recebe, há sete anos, adubação fosfatada em doses mais elevadas. “A adoção dessa tecnologia trouxe maior produtividade, de forma crescente, com o aumento da quantidade do fertilizante aplicado, além de maior enraizamento das plantas e aumento de resistência às doenças, como ferrugem e cercosporiose”, conta o cafeicultor Adolfo Vieira, proprietário dessa fazenda com mais de 100 anos de tradição em produção de café.
Ele explica que, no início, aplicavam adubo superfosfato simples e, posteriormente, passaram para o superfosfato triplo. Fazemos duas aplicações do fertilizante, sendo a primeira entre outubro e dezembro e a segunda entre janeiro e março. “A decisão é orientada pela análise de solo, produtividade e aspecto da lavoura”, explica Adolfo. Entre 2000 e 2006, a média de produção da Fazenda Passeio foi de 38,7 sacas por hectare, após o aumento das doses de fósforo. Entre 2006 e 2013, a média passou para 45,4 sacas por hectare, sem irrigação.
SUSTENTABILIDADE
O cafeicultor e consultor Guy Carvalho Filho conheceu essa tecnologia em Brasília e a trouxe para sua propriedade no Sul de Minas e também para mais 10 cafeicultores da região. De acordo com o consultor, essa tecnologia permite atender uma demanda mundial de produzir mais café em menor área. “A visão é construir a fertilidade. A realidade de muitas propriedades certificadas de pequeno e médio portes da região é garantir a produção de cafés especiais, com sustentabilidade”, ressalta Guy Filho.
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Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 702/2015