Com as chuvas recentes no cinturão produtivo do Brasil, a principal florada da safra comercial 2017/18 de café arábica do País já pode ser vista em cerca de 80% das lavouras, segundo estimativa da Fundação Procafé. Essas plantações, no entanto, podem não ter forças para dar uma boa produção no próximo ano, pois saíram da temporada 2016/17 bastante prejudicadas, e a colheita deve cair de 20% a 30%.
“Praticamente todas as regiões produtoras de café do Brasil já registraram florada. No entanto, elas confirmam que a próxima safra será de 20% a 30% menor que a última. Poucas lavouras estão em perfeitas condições de produção. A maior parte delas deve apresentar exaustão nutricional por conta da alta colheita neste ano”, disse o engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, José Braz Matiello. As floradas marcam o início da formação dos frutos para a colheita de 2017.
A terceira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta que a produção de café neste ano seja de 49.64 milhões de sacas de 60 kg. O resultado representa um aumento de 14,8%, se comparado com a produção de 43.24 milhões de sacas obtidas em 2015. O café arábica representa 83,2% da produção total do País e estima-se que sejam colhidas 41.29 milhões de sacas nesta safra, que foi bienalidade positiva.
Para o presidente do Associação Nacional dos Sindicatos Rurais das Regiões Produtoras de Café e Leite (Sincal), Armando Matielli, em entrevista ao Notícias Agrícolas, a próxima safra de café do Brasil já dá sinais de comprometimento por conta da derriça de folhas acima do normal. Segundo ele, o País não produzirá nem 40 milhões de sacas na temporada 2017/18, número abaixo da necessidade total de exportação e consumo interno.
De acordo com Matiello, apesar da maior parte das regiões produtoras do Brasil já terem florada, algumas irregularidades são percebidas. “As lavouras mais novas e que estão em altitudes mais altas sentiram menos os reflexos do clima e devem ter produção melhor em 2017”, disse. Nos próximos dias, a florada deve disparar nas poucas lavouras que ainda não receberam esse importante estágio produtivo.
Nos últimos dias, as chuvas têm caído sobre o cinturão produtivo de forma isolada. Segundo as previsões, um sistema de baixa pressão atmosférica deve ainda causar precipitações sobre o Paraná, Oeste de São Paulo, Baixa Mogiana e parte do Sul de Minas Gerais até amanhã. No entanto, no sábado, o clima quente e seco volta a predominar sobre as regiões produtoras.
Dados meteorológicos da Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) mostram essa irregularidade. Em Caconde (SP) choveu ontem (12) 34,2 milímetros. Já em Carmo do Rio Claro foram apenas 5,3 milímetros no mesmo dia, e em Monte Carmelo, outra importante cidade produtora do país, foram registrados 5,5 milímetros.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, informou hoje que a expectativa de baixa produção tem limitado os negócios antecipados pelo produtor brasileiro. “Muitos produtores de arábica preferem aguardar o desenvolvimento das floradas e um maior volume de chuva para terem uma definição mais clara da próxima safra. Para o robusta, as incertezas quanto à produção 2017/18 são ainda maiores”, disse o Cepea em nota.
Fonte: Notícias Agrícolas