“O mercado da batata, nesse momento, está péssimo, horrível. O motivo principal não é o excesso de oferta nem a qualidade da batata. Mas está muito nítido que o principal fator é a retração de consumo, ou seja, não estamos conseguindo vender. Isso se deve naturalmente à crise que atravessa hoje o País”. A afirmação é de Natalino Shimoyama, gerente-geral da Associação Brasileira da Batata (ABBA).
Segundo Natalino, o consumidor hoje está “bastante insatisfeito” com a batata em função das variedades, que não são geralmente exploradas pela culinária e não trazem satisfação. A saída poderia ser apostar no “mercado fitness”, aproveitando o momento em que batata-doce é considerada um alimento próprio para quem pratica exercício físico.
“Se pegar a composição química da batata, vai ver que só tem coisa boa, não tem coisa ruim. Então, o consumo de batata em quantidades corretas, preparada de maneira correta, é um dos alimentos mais fitness a nível mundial”, disse.
Ele lembra que hoje no Brasil, em média, se consome menos de 10 quilos por pessoa ao ano, ou menos de 1 quilo por mês. “Agora, quanto consumimos de carne? Possivelmente em média uns 30 quilos, quanto consumimos de refrigerante e cerveja? Possivelmente, 50 a 100 litros. Então, a questão hoje de obesidade no país não tem a ver com a maioria dos carboidratos, mas sim com uma série de alimentos que o pessoal não considera, mas são os principais fatores de obesidade”, disse.
Para Shimoyama, o setor público é parte do problema: “A pesquisa no Brasil tem vivido um momento extremamente delicado, com a possível reforma da Previdência, uma quantidade significativa de pesquisadores experientes estão se aposentando e a reposição disso é questão de décadas, e não dois ou três anos. Isso abre um buraco muito grande. O setor público tem que ser deixado de lado e buscar quem é objetivo, age de forma objetiva”.
Outro problema citado pelo dirigente da ABBA é a “política comercial das grandes redes de varejo”, que paga R$ 0,30 ao produtor e vende muito mais caro para o consumidor. “Isso retrai violentamente o consumo, arrebenta com o setor. Infelizmente não tem para quem reclamar e quando alguém te ouve, diz que isso é coisa de mercado. Isso é uma coisa absurda, em qualquer país mais sério isso é inadmissível”, disse.
“Para o futuro da cadeia da batata, ou das cadeias produtivas, o que eu digo que é necessário é criar organizações profissionais, como em outras cadeias. O exemplo é o Mato Grosso, onde há organizações extremamente profissionais que fazem uma mudança fantástica. O governo, nesse modelo atual, que está provado que não ajuda em nada”, disse.
Fonte: Agrolink