Briga entre EUA e China e peste suína podem favorecer empresas brasileiras de alimentos

A guerra comercial entre Estados Unidos e China e a peste suína podem representar oportunidades de expansão para empresas brasileiras de alimentos.

Analistas, no entanto, alertam que uma possível desaceleração da economia chinesa pode impactar as exportações do setor. Movimentos de fusão e aquisição, como a intenção anunciada pela BRF e Marfrig também são pontos que devem adicionar volatilidade às ações do setor.

“De forma intuitiva, tanto a guerra comercial quanto a peste suína parecem positivas, pois em tese, abrem a possibilidade de aumento do volume de negócios para as exportadoras brasileiras”, avalia o analista Victor Martins, da Planner Corretora. “É preciso acompanhar os desdobramentos”, diz.

Para o analista André Ferreira da MyCap, o agravamento da peste suína na China tem feito o mercado internacional voltar os olhos para o mercado brasileiro, contribuindo para o aumento das exportações, assim como dos preços.

“O cenário segue positivo porque a demanda por proteína animal ainda vai aumentar, já que é esperada uma queda superior a 30% da produção chinesa por consequências da doença”, afirma.

O profissional avalia, no entanto, que a guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta pode levar a uma desaceleração da economia chinesa, impactando o segmento.

Peste suína aumenta exportações dos EUA

A peste suína africana, que vem causando inúmeros prejuízos na Ásia, está aumentando as exportações de alimentos dos Estados Unidos. Segundo os economistas do CoBank, a doença terá impactos de longo alcance, mas alguns impactos indiretos compensarão um pouco os desafios.

Em artigo intitulado “Implicações da Febre Suína Africana para a Agricultura dos EUA”, os economistas do CoBank esperam uma queda significativa na demanda de alimentos que pesará sobre as exportações de rações e grãos dos EUA.

Além disso, o crescimento da demanda por ração na China e no sudeste asiático será mais lento do que o projetado anteriormente, já que os produtores de suínos trabalham para reconstruir seus rebanhos.

“Elevadores, moinhos de ração e trituradores de soja voltados para as exportações de ração para a China serão prejudicados diretamente pela ASF”, segundo os economistas do CoBank. “Em contraste, aqueles que estão posicionados para atender à demanda de exportação doméstica e não chinesa poderiam se beneficiar da ASF na China”.

No entanto, o aumento da demanda de outros setores de proteína pode ajudar a amenizar o impacto de um menor rebanho de suínos na China. “A demanda por proteína animal dos EUA vai crescer, resultando em um aumento na demanda doméstica de alimentos”, indicam os analistas.

Os obstáculos para o aumento da demanda de alimentos incluem maior eficiência alimentar e rações de alimentação otimizadas, potencial crescimento de grãos secos de destilador chinês com solúveis (DDGS) e uma possível mudança no mix de consumo de carne dos consumidores chineses.

 

Estadão Conteúdo/Agrolink

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