SÃO PAULO, 20 Abr (Reuters) – As exportações brasileiras de algodão devem ser recordes em 2011/12 e superar a marca de 1 milhão de toneladas, ou mais da metade da produção prevista para o período, uma vez que o setor está redirecionando a oferta para o mercado externo diante da demanda doméstica mais fraca, aponta a associação que reúne produtores.
A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) estima que o volume embarcado no atual ano-safra poderá atingir 1,3 milhão de toneladas, contra 850 mil toneladas do ciclo anterior.
A safra brasileira de algodão é estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 2 milhões de toneladas, ante 1,95 milhão de toneladas do ciclo anterior.
A Abrapa estima que a indústria nacional deverá consumir cerca de 850 mil toneladas estável ante o ciclo anterior, mas inferior à média anual histórica de cerca de 900 mil toneladas.
O setor conta ainda com cerca de 250 mil toneladas em estoques de passagem, que estão nas mãos de produtores, volume disponível para comercialização que deve ser usado para atender ao mercado externo, de acordo a Abrapa.
O presidente da Abrapa, Sérgio De Marco, afirma que a exportação é uma necessidade do setor, uma vez que a demanda da indústria brasileira está mais fraca neste ano por conta da forte concorrência com os produtos sintéticos importados, sobretudo da China.
A expansão das vendas externas se dá com a inclusão de mais destinos para o produto brasileiro, especialmente na Ásia, ressalta De Marco. Ele destaca o mercado chinês. “Há dois anos o país não importava mais do que 2-3 mil toneladas, agora já chega a 120 mil toneladas”, disse.
De Marco ressalta que este crescimento vem depois de várias viagens da Abrapa à China, mas também reflete a boa qualidade do algodão produzido no Brasil.
Segundo ele, tradicionalmente, a China é grande importadora de pluma da Índia, mas uma ameaça indiana de restringir exportações para garantir oferta à indústria doméstica levou os chineses a buscar novos fornecedores.
“A ameaça da Índia, que balançou o mercado, e a safra ruim da China fizeram o país olhar para o algodão do Brasil”, explicou De Marco.
A Índia proibiu as exportações de algodão no início de março, impulsionando os preços globais. Mesmo assim, o país exportou o recorde de 11,5 milhões de fardos neste ano, acima da estimativa de 8,4 milhões de fardos da indústria, usando os estoques remanescentes da última safra.
Fonte: Reuters