Brasil será o maior produtor mundial de carne bovina em cinco anos, prevê Abiec

“Hoje, já somos os maiores exportadores do produto, mas podemos superar os EUA até 2020, no que diz respeito à atividade produtiva”, acredita o diretor-executivo da Abiec, Fernando Sampaio. Foto: Divulgação
“Hoje, já somos os maiores exportadores do produto, mas podemos superar os EUA até 2020, no que diz respeito à atividade produtiva”, acredita o diretor-executivo da Abiec, Fernando Sampaio. Foto: Divulgação

Nos próximos cinco anos, o Brasil será o maior produtor de carne bovina do mundo, superando os Estados Unidos, que atualmente ocupam o primeiro lugar no ranking. A previsão é de Fernando Sampaio, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

Segundo a entidade, o mercado nacional é responsável por 17% da produção total da carne bovina no planeta, e o norte-americano 19%. “Hoje, já somos os maiores exportadores do produto, mas podemos superar os EUA até 2020, no que diz respeito à atividade produtiva”, acredita Sampaio.

Outra nação que poderia fazer frente ao Brasil neste setor seria a Austrália, no entanto ele avalia que “este país tem limitações de água, enquanto os EUA não têm muito para crescer porque, mesmo exportando muito, eles consomem mais que produzem”.

Um dos fatores que deve favorecer o País, na visão do diretor da Abiec, é a utilização da tecnologia pela bovinocultura. “A pecuária está ocupando cada vez menos espaço físico no campo, sem perder a produtividade. Mas nossa base ainda é o pasto, porque sai mais barato. Na produção norte-americana, por exemplo, o bezerro sai da vaca direto para o confinamento”, comenta ele.

Uma estimativa divulgada recentemente pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta que o Valor Bruto da Produção de carne bovina deve chegar ao fim de 2015 com algo em torno de R$ 93 bilhões, correspondendo a um aumento de 19,23 % sobre os R$ 78 bilhões do VBP no ano passado. Conforme a entidade, a cadeia produtiva brasileira da carne movimenta R$ 167,5 bilhões por ano e gera aproximadamente 7 milhões de empregos.

Para a Abiec, o VBP deve ser ainda maior, pois, segundo Sampaio, a entidade leva em conta toda a cadeia produtiva da carne bovina, que inclui não só a produção em si, mas aquilo que sai do campo, passa pelo setor agroindustrial até chegar à produção de artigos para consumo com diversas finalidades, como o sebo e o couro.

“Acreditamos que toda a cadeia da bovinocultura fechará 2015 com uma movimentação que deve passar os R$ 380 bilhões (último cálculo da Associação referente a 2014).”

MERCADO EXTERNO

Conforme a CNA, as exportações nacionais de carne bovina cresceram 737% em 14 anos, passando de US$ 779 milhões (R$ 2,7 bilhões a preços de hoje), em 2000, para US$ 6,4 bilhões (R$ 22,2 bilhões), no ano passado. O Brasil é líder mundial em vendas externas do produto, com 21% do total.

“A produção de carne é um dos itens da balança comercial que mais tem crescido, dentro do agronegócio brasileiro”, resume Sampaio, destacando outros dados da Abiec: somente em 2014, o Brasil vendeu carne bovina in natura para 151 países e industrializada para 103 nações.

Ele atribui a evolução do setor ao fato de o País ter expandido as negociações externas, nas últimas décadas. “Até 2007, nosso maior importador era a União Europeia, que até então sempre foi nosso maior mercado. De 2002 a 2012, a Rússia passou a ser nosso comprador mais importante. Na sequência, Hong Kong superou a UE e a Rússia”, informa o diretor da Abiec.

Agora, diz Sampaio, a expectativa é de que a China se fixe de vez como o maior comprador da carne bovina brasileira. “Com as recentes reabilitações de novas plantas frigoríficas por parte dos chineses, em 45 dias – do final de junho e durante todo o mês de julho – exportamos 15 mil toneladas para aquele país asiático. Isto significa que a tendência é só de crescimento”, acredita.

FATORES

O diretor também cita um conjunto formado pelo Oriente Médio – com destaque para Arábia Saudita, Argélia, Egito, Irã e Líbano -, que também colaborou para o salto de crescimento da bovinocultura brasileira, em quase 15 anos.

“Alguns fatores favoreceram o Brasil, como o nosso status sanitário. Hoje, apenas os Estados de Amapá, Roraima e Amazonas – este último não tem bois – não são livres de febre aftosa.”

Sampaio ainda avalia que a estabilização da economia também ajudou bastante, “porque antes o criador de gado mantinha seus bois quase como uma reserva de valor, caso precisasse vender; hoje, ele sabe que o setor passou a ser uma atividade produtiva bem lucrativa”, comenta Sampaio.

Por equipe SNA/RJ

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