Brasil registra recorde na exportação de peixes

A tilápia lidera o ranking de vendas

A exportação brasileira de peixes bateu recorde em 2022, um total de US$ 23.8 milhões, o que representa 15% de aumento em relação ao ano anterior.

De acordo com estimativa da Embrapa Pesca e Aquicultura e a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), o segundo semestre de 2023 será ainda melhor.

O setor aguarda a reabertura do mercado europeu para o pescado brasileiro, que está fechado desde 2018.

Entre os peixes mais vendidos, o destaque é a tilápia, que foi responsável por 98% das vendas totais, representando US$ 23.2 milhões.

Segundo Manoel Pedroza Filho, pesquisador da Embrapa, os bons números são o resultado do aumento da profissionalização e da escala de produção das empresas.

“Isso permitiu a entrada no mercado internacional, que é bastante exigente em termos de qualidade e volume”, considera.

Destinos

A maior parte das exportações teve como destino principal os Estados Unidos, com aquisições na faixa de 80%, o equivalente a US$ 19 milhões, 43% a mais do que no ano anterior.

O Canadá ficou em segundo lugar no ranking de vendas, consumindo 5% das exportações de peixes brasileiros.

De acordo com o levantamento feito pelas instituições, os Estados Unidos compraram peixes congelados, filés frescos ou refrigerados e filés congelados.

Espécies nativas

O presidente da Peixe BR, Francisco Medeiros, afirma que, mesmo a tilápia tendo o protagonismo nas exportações, ainda há espaço relevante para a venda externa de peixes nativos.

Os embarques de tambaqui – a segunda espécie mais vendida – atingiu US$ 268.000,00, à frente dos surubins, que registraram vendas de US$ 114.000,00, um aumento substancial de 186% entre todas as espécies.

Vendas

O Paraná liderou as vendas entre os estados brasileiros que exportaram mais peixes em 2022, com 58% do total. Mato Grosso do Sul e Bahia aparecem na sequência, com parcelas de 18% e 11%, respectivamente.

Entraves

A pesquisadora e professora da FIA Business School, Gleriani Ferreira, compartilha da opinião do presidente da Peixe BR. Ela vê grande potencial no mercado de peixes criados em rios e acredita que a mudança em alguns entraves como a reversão da escassez de frigoríficos habilitados pelo Sistema de Inspeção Federal (SIF) na Amazônia, aumentaria as vendas.

“Existe uma burocracia muito grande para liberar frigoríficos na região. Acompanhei projetos que levaram anos, principalmente no Amazonas. A licença nunca sai”, afirma a pesquisadora.

Ela também defende o mapeamento, pelo governo, com ajuda dos pesquisadores da Embrapa, das áreas que podem se beneficiar da atividade industrial, bem como o facilitamento de condições para os empresários.

Valor agregado

Gleriani sugere ainda a utilização de peixes amazônicos, além das iguarias de mesa.

“O pirarucu, por exemplo, que tem um couro tão resistente quanto o bovino, poderia ser processado para a produção de óleo e farinha para rações de animais de estimação. Para essa cadeia crescer, é preciso trabalhar também esses subprodutos”, salienta a pesquisadora.

Mercado interno

Enquanto lá fora os peixes brasileiros vão conquistando espaço, no mercado interno os números ainda são tímidos, mas também registraram crescimento. O volume da piscicultura nacional cresceu 2%, atingindo 860.000 toneladas.

 

Por Equipe SNA
Fonte: Valor Econômico
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