Participando do 20º Congresso Internacional do Trigo na manhã de segunda-feira, 21 de outubro, em Ilhéus (BA), o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, disse que o Brasil precisa aumentar a produção interna de trigo principalmente no Centro-Oeste brasileiro, onde a cultura já é bem desenvolvida.
“A produção brasileira, e também da América do Sul, teve uma grande queda este ano. Por isso importamos o produto com tarifa zero em 2013, abrindo uma cota de 2 milhões e 700 mil toneladas para países de fora do Mercosul, de abril a novembro deste ano”, disse o ministro.
O Brasil consome hoje 11 milhões de toneladas de trigo, das quais 6 milhões são importadas, principalmente de países como Paraguai, Argentina e Uruguai. Em 2013, em função dos bons preços do trigo, que estão entre R$ 800 e R$ 900, não será necessária a intervenção do governo com operações de apoio ao preço mínimo do produto. No entanto, o Brasil aumentou o preço mínimo do trigo este ano de R$ 501 para R$ 531, valor que representa um aumento de 6%.
Para desenvolver a produção brasileira da cultura, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com empresas privadas, está desenvolvendo sementes qualificadas para atender setores que mais carecem do produto como a área de panificação, com destaque para a produção do pão francês.
O Congresso Internacional do Trigo é um dos principais eventos dessa cadeia produtiva no país. Em 2013, a perspectiva é que reúna cerca de 500 participantes, de vários países, entre produtores de trigo, dirigentes de moinhos, da panificação, das indústrias dos derivados, além de representantes do governo e entidades ligadas ao agronegócio.
IMPORTAÇÃO
O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Sérgio Amaral, disse que será inevitável importar trigo de fora do Mercosul em 2014. Isto porque não haverá oferta suficiente nos países do bloco para atender a demanda brasileira.
A entidade estima que a produção de trigo do bloco será de 17,4 milhões de toneladas em 2014, para um consumo esperado de 19,9 milhões de toneladas. Trata-se, portanto, de um déficit de 2,5 milhões de toneladas – todo ele concentrado no Brasil.
Neste ano, o governo brasileiro já liberou a importação de 2,7 milhões de toneladas de trigo de fora do Mercosul com isenção da Tarifa Externa Comum (TEC), que é de 10%. Desse total, 2,1 milhões de toneladas já entraram no país. Segundo Amaral, a entidade já solicitou a importação de mais 600 mil toneladas nessa condição, demanda ainda em estudo no governo.
A maior parte do trigo importado de fora do Mercosul está vindo dos Estados Unidos, mas os moinhos associados da Abitrigo avaliam comprar trigo da Rússia, uma vez que há disponibilidade de produto a preços mais atrativos no país. Em média, segundo Amaral, a tonelada do trigo russo custa até US$ 70 mais barato que a do cereal americano.
“Apesar de estarmos estudando importar trigo russo, é preciso deixar claro que a decisão é dos moinhos. A entidade não se comprometerá com importações que sirvam de base para que o governo brasileiro faça acordo de exportação de outros produtos para a Rússia, como proteínas animais”, afirmou o representante.
O único obstáculo à importação de trigo russo nesse momento é sanitário. “Ainda há algumas impurezas e estamos avaliando com o governo que alternativas teríamos para minimizar esse tipo de inconveniente”.
Fontes: Ministério da Agricultura e Abitrigo