Brasil pode voltar a abrir negociações sobre etanol com os EUA, mas exige concessões

O governo Jair Bolsonaro poderá voltar a abrir as negociações com os Estados Unidos para reduzir a tarifa de importação sobre o etanol americano, em troca de maior acesso a produtos brasileiros como açúcar e aço naquele país.

A decisão de não renovar neste momento a cota de etanol importado dos EUA sem incidência de tarifas não é, segundo fontes do governo, uma medida definitiva. O objetivo é dar um recado claro à Casa Branca de que Brasília quer negociar.

A cota para a entrada de 750 milhões de litros por ano sem cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC) expirou nesta segunda-feira. A partir de hoje, passará a incidir uma alíquota de 20% para todo o etanol importado, sem nenhum acesso preferencial.

O Brasil não descarta a hipótese de reduzir a tarifa para um patamar menor, como querem os Estados Unidos, ou abrir uma nova cota sem aplicação da TEC. No entanto, o governo brasileiro resolveu que isso só irá ocorrer mediante concessões comerciais de Washington.

O Itamaraty ficou praticamente isolado na defesa da renovação da cota. Segundo uma fonte, o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, entrou nas conversas e foi determinante na tomada de uma decisão mais cautelosa.

Houve insatisfação com o corte das cotas estabelecido pelos Estados Unidos a produtos siderúrgicos do Brasil sem incidência de sobretaxa, mas essa não é a única queixa. O governo Bolsonaro também barganha mais acesso ao açúcar no mercado americano.

Um negociador brasileiro acredita que seria importante também conversar com Washington sobre um aumento da mistura de etanol na gasolina vendida nos EUA. “Sobre outros produtos, a pauta existe, mas não vamos colocar sobre a mesa enquanto não houver sinalização clara do que pretendem negociar e qual o mandato (para fazer concessões)”, disse a fonte.

 

Valor Econômico

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp