Brasil pode exigir a retirada do antidumping chinês ao frango como retaliação às sanções dos EUA

A guerra comercial que está sendo travada entra China e Estados Unidos pode abrir uma janela para a reversão do antidumping que o país asiático impôs a frango brasileiro na semana passada, cujo pano de fundo escondia o interesse em agradar Donald Trump.

A medida não surtiu efeito, já que as sanções americanas foram anunciadas hoje. Mas enquanto não forem conhecidas as medidas retaliatórias que os chineses vão adotar, essa possibilidade fica no terreno da especulação e o governo brasileiro precisa de agilidade e firmeza para cobrar essa posição imediata.

Essa visão é compartilhada por Pedro de Camargo Neto, ex-secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que no entanto não enxerga essa proatividade do governo brasileiro.

Ao Notícias Agrícolas, Ricardo Santin, vice-presidente da ABPPA (aves e suínos), também disse acreditar que a China teria tomado essa decisão para abrir as portas ao frango americano e usar como moeda de troca, evitando assim as sanções.

“Se a China tirou o antidumping dos EUA, pode ser tirado do Brasil qualquer momento, mas seria por decisão deles (chineses) e não por pressão brasileira”, afirmou.

Experiente negociador internacional, inclusive em disputas brasileiras na Organização Mundial de Comércio (OMC), Camargo Neto lembra, por exemplo, que o antidumping imposto ao frango brasileiro foi adotado praticamente nas “costas” do ministro Blairo Maggi, que dias antes esteve na China.

“O que ele foi fazer lá afinal?”, comenta, tentando mostrar que essa é outra característica da “fragilidade” das negociações comerciais brasileiras.

Mesmo porque, naturalmente que as medidas adotadas contra o Brasil não foram tomadas de um dia para o outro. Portanto, é muito provável que, enquanto Maggi conversava com autoridades, nos bastidores já se costurava tecnicamente o antidumping.

Em caso de avanço dessa potencial guerra comercial, com impacto na economia chinesa, o Brasil ao menos está presente como fornecedor confiável com oferta suficiente para suprir várias frentes do comércio agropecuário. A ABPA, até o momento do fechamento desta matéria, ainda não havia se manifestado.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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