O agronegócio manteve, no primeiro semestre deste ano, o destaque na economia nacional, ao ser responsável pelo superávit na balança comercial brasileira ao responder por mais de 40% das exportações brasileiras. Além disso, em meio aos debates sobre a disparada dos preços internacionais das commodities agrícolas e do aumento na demanda mundial por alimentos, o Brasil ganhou definitivamente o status de potencial fornecedor global de produtos agropecuários. E na mesma trilha, o know-how nacional em biocombustíveis atraiu estrangeiros interessados em investir na produção e também na importação de nossa tecnologia.
A capacidade produtiva da agricultura nacional ganhou, em 2011, novos contornos, depois que o governo federal mudou as regras, em 2010, para a aquisição e arredamento de áreas rurais por estrangeiros. Os chineses foram os primeiros a buscar parcerias , acenando com investimentos de mais de US$ 7 bilhões em apoio aos produtores de soja na Bahia e Goiás. Em seguida, empresários sul-coreanos visitaram produtores rurais também na busca por produtos agrícolas. A euforia no início do ano, quando projeções indicavam novos recordes, com uma safra de pouco mais de 150 milhões de toneladas de grãos, foi superada em junho por novas previsões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ambos indicando que a safra será superior a 161 milhões de toneladas, recorde absoluto. Em entrevista ao DCI, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, mostrou otimismo com os números.
“Há cinco anos se alguém falasse que produziríamos mais de 150 milhões de toneladas de alimentos seria considerado maluco”, disse. “Agora já podemos prever, num futuro próximo, o Brasil chegando a 200 milhões de toneladas ou mais.”
Para Rossi, “os números mostram a capacidade brasileira de contribuição para os próximos anos na resolução de um problema da economia mundial, que é enfrentar a fome”.
Soja
Principal commodity agrícola brasileira, a soja começou 2011 com preço em alta e bons negócios, segundo o analista da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro. “A partir de fevereiro, os seus preços oscilaram na faixa de R$ 46 a saca o que mostra que não há uma tendência, entretanto não há previsão de quedas ou grandes altas”, acredita. Em fevereiro, os preços ultrapassaram R$ 50. Hoje, a saca é cotada em R$ 47.
Já o diretor da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja MT), Carlos Fávaro, lembra que “tivemos um pequeno atraso no plantio, mas a partir da normalização das chuvas foi um ano espetacular, com aumento de produção e novo recorde com 20,3 milhões de toneladas, ante os 19,6 milhões do ano passado”. “Os preços também ficaram bastante bons desde o final do ano passado, apesar de que 50% da safra já havia sido vendida em mercado futuro a preços menores do que os vistos hoje”, lembra Fávaro. “Entretanto, a preços bons o que ajuda o produtor, que precisa investir agora e aproveitar esse momento, para pagar parte do endividamento, e até investir”.
Para a engenheira agrônoma da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), Margorete Demarchi, a situação é boa. O estado plantou área recorde de soja, de 4,5 milhões de hectares, aumento de 3%. “O estado já não possui mais tanto espaço para ampliar a sua produção desse grão, para fazer isso será necessário retirar de outra cultura, como o milho”, disse. “Tivemos uma safra recorde de soja, 15,3 milhões de toneladas, um incremento de 10%”, afirma. “Batemos recorde de produtividade também, com 3,4 mil quilos por hectare.”
Milho
O milho teve uma primeira safra recorde no País, mas enfrenta problemas com a safrinha. Os preços do milho já começaram o ano com patamares elevados, chegando a R$ 32 a saca em fevereiro, contra os R$ 15 do ano passado. Com a colheita da safra, entre fevereiro e maio, houve uma pressão de baixa e os valores recuaram para R$ 27. “Hoje o preço está em R$ 30 novamente, mostrando que em termos de demanda o mercado segue firme”, disse o analista da Scot. Para Ribeiro, este é o ano do milho, o que deve gerar uma pressão para a próxima safra, com muitos produtores optando pelo milho, não trocando pela soja, mas aumentando a área de milho safrinha”.
De janeiro a maio o Brasil exportou 2,78 milhões de toneladas de milho, contra os 2,05 do ano passado, “isso porque os EUA plantaram menos milho”, segundo Ribeiro. “Então o Brasil obteve um maior espaço no mercado internacional este ano”.
Fonte: DCI