Brasil e Rússia reforçam parcerias no agronegócio

Representantes da Rússia e do Brasil se reúnem na sede da ABPA para debater as relações comerciais entre os dois países. Foto: Divulgação ABPA

Estreitar a relação agropecuária russo-brasileira e reforçar a parceria comercial entre as duas nações, com a intermediação da Câmara Brasil-Rússia de Comércio, Indústria e Turismo. Esse foi o principal objetivo da reunião preparatória para a 10ª Comissão Intergovernamental de Cooperação (CIC) Brasil-Rússia, evento que será realizado nos dias 22 e 23 de maio, em Brasília (DF). Esse encontro inicial ocorreu nesta segunda-feira, 17 de abril, na sede da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em São Paulo (SP).

“É uma honra, para nós, sediarmos uma reunião dessa envergadura exatamente há pouco mais de um mês após ser deflagrada a Operação Carne Fraca”, disse o presidente da ABPA, Francisco Turra, que também é membro da Academia Nacional de Agricultura da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

Ele destacou que “a Rússia foi o primeiro país a dar seu voto de confiança e continuar acreditando na proteína animal do Brasil após o ocorrido, o que demonstra o nível de relacionamento entre os dois países”.

A Rússia é um dos maiores importadores de proteína de origem animal brasileira, sendo o principal destino das carnes suínas, um dos maiores compradores de carne bovina e o 12º no mundo a importador a carne de aves.

“A corrente comercial entre Brasil e Rússia, hoje, é de US$ 4,3 bilhões, e nossa meta é alcançar US$ 10 bilhões”, prevê o presidente da ABPA.

 

Em meio a Sergey Akopov (embaixador da Federação Russa no Brasil) e Gilberto Ramos (presidente da Câmara Brasil-Rússia), o presidente da ABPA, Francisco Turra, diz que a Rússia foi o primeiro país a dar voto de confiança e continuar acreditando na proteína animal do Brasil, após a Operação Carne Fraca. Foto: Divulgação ABPA

RECUPERAÇÃO DA ‘IMAGEM’

Segundo o presidente da Câmara Brasil-Rússia, Gilberto Ramos, a fase atual da relação entre Brasil e Rússia é caracterizada pelo “desafio de recuperar a imagem” dos produtos oriundos de proteína animal brasileira no mercado externo e a participação de ambos os países, por meio das atividades da instituição será fundamental para o êxito dos projetos propostos.

“Vivemos um momento extremamente positivo nessa relação bilateral e é importante, para nós, aproveitarmos esses bons ventos”, ressaltou o executivo, reforçando que, mesmo diante desse cenário favorável, ainda há uma necessidade de elevar o patamar da relação econômica entre os dois países.

O ministro e chefe do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, Orlando Leite Ribeiro, afirmou que houve uma evolução muito grande nos últimos quatro anos, mas que ainda é possível melhorar essa relação.

“Estamos vivendo, atualmente, uma das melhores fases dessa relação entre os dois países no que diz respeito ao comércio de proteína animal.”

 

“Estamos vivendo, atualmente, uma das melhores fases dessa relação entre os dois países no que diz respeito ao comércio de proteína animal”, garante o ministro e chefe do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, Orlando Leite Ribeiro. Foto: Divulgação ABPA

Conforme Ribeiro, está agendada para dia dia 21 de junho uma visita do presidente brasileiro, Michel Temer, à Rússia. O intuito é estreitar ainda mais a relação entre os dois países.

“A experiência que tenho em relação a esses encontros bilaterais é que eles funcionam bem quando há o envolvimento da iniciativa privada. Essa é uma das coisas que eu acredito que a Câmara pode contribuir, fazendo essa ponte entre governo e empresas”, acrescentou o ministro.

 

ESTRATÉGIA

Para o embaixador da Federação Russa no Brasil, Sergey Akopov, o fato de o Brasil não ter aderido às sanções econômicas impostas à Rússia em 2014 ajudou a estreitar esses laços comerciais.

“Esse posicionamento do Brasil foi muito apreciado pelo nosso governo e corresponde às nossas relações de parceria estratégica”, destacou Akopov, lembrando das sanções iniciadas pelos Estados Unidos, devido à anexação da Crimeia.

Sobre a Operação Carne Fraca, Akopov destacou que a Rússia reconhece a qualidade da carne brasileira, por isso a posição do país foi muito ponderada.

“Nós, há muito tempo, conhecemos o potencial do setor agrícola e também de proteína animal do Brasil. Um incidente isolado como esse não pode abalar todos os anos dessa operação tão estratégica”, pontuou.

 

“Há muito tempo conhecemos o potencial do setor agrícola e também de proteína animal do Brasil. Um incidente isolado como esse (Operação Carne Fraca) não pode abalar todos os anos dessa operação tão estratégica”, ressaltou o embaixador da Federação Russa no Brasil, Sergey Akopov. Foto: Divulg. ABPA

Akopov acrescentou que as ações da Câmara Brasil-Rússia e de seu comitê pretendem dar continuidade não somente às relações de compra de carne brasileira, por parte da Rússia, e às importações de fertilizantes, pelo lado do Brasil, mas estender para outros segmentos.

“Brasil e Rússia precisam avançar na cooperação mútua em diversos setores, principalmente em tecnologias, pois essas ações integradas ajudariam ambos os países, aumentariam possibilidade de abertura de mercados e novos projetos na área de agricultura”, analisou.

 

DISCUSSÕES

Durante a reunião, também foram debatidos diversos assuntos relacionados aos interesses de ambos os países no âmbito agropecuário, conforme proposta da Câmara, envolvendo desenvolvimento sustentável, cooperação no setor fitossanitário e alfandegário, logística para melhor o escoamento dos produtos transacionados pelos dois países, criação de uma agenda de eventos para os próximos 24 meses, além de outros temas de relevância que sirvam de adensamento da relação agropecuária russo-brasileira.

 

Por equipe SNA/SP

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