Brasil deve estar preparado para novas ameaças fitossanitárias

Recentemente a disseminação da lagarta Helicoverpa armigera causou grande preocupação à cadeia produtiva da soja no Brasil. Em um mundo cada vez mais bioglobalizado, a repetição do problema, com a entrada de novas pragas no país, é questão de tempo. Para isso, é preciso se preparar para minimizar os danos produtivos e econômicos.

Atualmente existem no mundo 395 pragas de soja que não ocorrem no território brasileiro. Destas, 18 são consideradas quarentenárias, ou seja, são aquelas já reconhecidas pelo governo brasileiro como indesejadas no país. Com o aumento do volume de comércio de alimentos e com a movimentação intensa de pessoas pelo globo, é cada vez mais fácil ocorrer a disseminação das pragas.

“Há a tendência de aumento nos registros de novas pragas no Brasil. Atualmente temos a média de quatro novas pragas sendo relatadas por ano”, afirmou o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Marcelo Lopes da Silva, durante palestra realizada no VII Congresso Brasileiro de Soja e Mercosoja.

De acordo com o pesquisador, o Brasil precisa estabelecer estratégias para lidar com todos esses riscos fitossanitários, que envolvem insetos, fungos, plantas daninhas, vírus, ácaros e nematoides.

“Temos de estar preparados não para eventos isolados, mas para todo o cenário que está ocorrendo”, alerta Marcelo.
O trabalho com modelagem é uma das ferramentas usadas pela pesquisa. Por meio dele, é possível simular os danos causados por determinada ameaça em diferentes regiões do país. A partir daí, são traçadas as estratégias de atuação, que podem ser de melhoramento genético preventivo, programas de contenção ou mesmo desenvolvimento de produtos para o combate e manejo.

“A modelagem é feita para definir a região de maior vulnerabilidade e para definir a estratégia para evitar que a praga chegue naquela região. Antes dela chegar, você tem tempo para desenvolver variedades e produtos e pesquisar um manejo para aplicar, caso ela chegue”, explica o pesquisador da Embrapa que citou o pulgão da soja como exemplo de praga que já é alvo de trabalhos de prevenção no País.

Outra ação que pode ser adotada pelo Brasil é a criação de um programa de monitoramento preventivo, de preferência, envolvendo os países vizinhos. Exemplo desta necessidade é a grande quantidade de ameaças presentes na fronteira norte do país. De acordo com Marcelo da Silva, a região da Venezuela, Guianas, no mar do Caribe, é o local no mundo com maior ocorrência de pragas de todos os locais do planeta.

“Essa questão de defesa é um assunto de governo. Os governos têm que decidir o que fazer em conjunto. Inclusive um país pode ajudar o outro a fazer isso, pois é de interesse dele também”, destaca o pesquisador.

 

Fonte: Agrolink

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