Brasil compra quase 200 mil toneladas de arroz dos EUA, Índia e Guiana

A indústria brasileira de arroz já negociou cerca de 188.000 toneladas do cereal (base em casca) com Estados Unidos, Índia e Guiana, após a recente isenção de taxas de importação para o produto, fora do Mercosul, adotada pelo governo. A informação é da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz). O objetivo é reduzir os preços internos que alcançaram máximas históricas.

Os Estados Unidos devem responder pela maior parte do fornecimento, com 100.000 toneladas em casca (não beneficiado), disse a diretora-executiva da Abiarroz, Andressa Silva.  “Os primeiros embarques devem ser da Índia, mas não necessariamente será o primeiro destino a chegar”, afirmou a executiva sobre o país cujo volume já negociado está previsto em 70.000 toneladas (casca).

Além disso, estima-se que outras 18.000 toneladas tenham sido adquiridas pelos brasileiros junto à Guiana. Sobre a entrega, a diretora da Abiarroz acredita que o período mais provável para a chegada dos lotes ao Brasil é a partir de novembro.

Os preços internos do arroz alcançaram patamares recordes no ano, após exportações elevadas e aumento no consumo doméstico durante a pandemia. Logo após a isenção da alíquota do imposto de importação, antes, de 12% para o grão beneficiado e 10% sobre o produto em casca, restrita à cota de 400.000 toneladas até o final do ano, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, chegou a adiantar que os EUA estariam entre os principais fornecedores.

Oportunidades de negócios

A federação norte-americana de arroz (USA Rice, na sigla em inglês), por sua vez, informou em publicação nesta semana que o Brasil está entre as oportunidades de negócios para o setor, e citou a possível venda de 120.000 toneladas aos compradores do país sul-americano, após a liberação das taxas. “E já se fala, não oficialmente, de uma nova cota sendo aberta para 2021”, acrescentou a USA Rice.

Nos últimos relatórios semanais, o USDA também tem registrado vendas de arroz par o Brasil, com um total de 37.000 toneladas, volume que já supera as compras verificadas em todo o ano de 2010, quando o Brasil acessou pela última vez o mercado norte-americano com mais força.

Sobre os demais fornecedores, o presidente do Sindicato da Indústria de Arroz de Minas Gerais (Sindarroz/MG), Jorge Tadeu Meirelles, disse à Reuters nesta quinta-feira que a entidade negociou a compra de, aproximadamente, 25.000 toneladas do cereal com a Índia.

“Fizemos a compra de arroz beneficiado, e quem está trazendo é a ADM. Já tínhamos uma negociação adiantada. Havia um navio que viria pra cá e prevíamos que a isenção da taxa iria acontecer. Quando confirmaram, fechamos”, disse Meirelles. Ele acredita que o produto tende a chegar ao Brasil a partir da segunda quinzena de outubro e, até o momento, não há nenhuma outra negociação em vista com o sindicato.

Cotações

Apesar das movimentações para baixar o preço interno, a cotação da saca de 50 kg do arroz no Rio Grande do Sul, maior produtor brasileiro, segue renovando recordes, ao atingir R$ 106,24 na quarta-feira, máxima histórica, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Com isso, Meirelles calcula que o cereal importado está mais competitivo que o nacional.

Para o presidente do Sindarroz, ainda que os preços caiam em janeiro, com a entrada da safra nacional, não há espaço para recuos abaixo de R$ 85,00 a R$ 90,00 por saca, devido ao aumento nos insumos de produção, com impacto na ponta final. “O pacotinho de arroz a R$ 15,00 no supermercado não vai dar mais. Vai ser de R$ 25,00 a R$ 30,00 mesmo”, afirmou Meirelles.

 

Fonte: Reuters

Equipe SNA

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