Brasil cobra da China fim de barreiras para açúcar e frango

Durante o exame da política comercial da China, hoje, na Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil cobrou de Pequim que normalize o mais rápido possível a entrada das exportações brasileiras de açúcar e frango para o mercado chinês.

O embaixador brasileiro Evandro Didonet destacou em sua intervenção a mensagem chinesa de compromisso com o aprofundamento de reformas e de abertura do mercado. A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Desde 2009 é o principal destino das exportações brasileiras.

No ano passado, as vendas atingiram US$ 47.4 bilhões, ou 22% das exportações totais brasileiras. Ao mesmo tempo, a China continua a aumentar sua participação nas importações feitas pelo Brasil. Se tornou a principal fonte de importações, ou a segunda (se a União Europeia for considerada como grupo), num total de US$ 27.3 bilhões.

O embaixador destacou que as relações econômicas bilaterais expandiram além de comércio. Segundo dados do Banco Central brasileiro, o fluxo líquido de investimentos diretos chineses no Brasil atingiu US$ 10.9 bilhões em 2017.

Em meio a esse cenário positivo, o representante brasileiro indicou pontos que precisam ser melhorados. Reiterou a importância que o Brasil dá para diversificar o fluxo bilateral de comércio. Cerca de 80% das vendas brasileiras para o mercado chinês continuam limitadas às commodities, principalmente soja, minério de ferro e petróleo.

Relatório da OMC que serve para o exame chinês mostra que o Brasil é agora o sétimo maior fornecedor de petróleo para a China. Suas vendas tiveram o maior aumento, de 20,6%, entre os fornecedores, em 2017. No setor industrial, o Brasil vende para a China basicamente jatos regionais, mas isso representa menos de 1% do total exportado.

Além da falta de diversificação, o Brasil lamentou a aplicação de sobretaxas antidumping contra carne de frango e medidas de salvaguarda contra o açúcar.

Para o Brasil, a investigação chinesa não conseguiu produzir evidências de dumping, dano ou vínculo causal no caso da carne de frango. As exportações brasileiras representam apenas 5% do que a China importa. O embaixador Didonet lembrou que o produto brasileiro nunca foi submetido à salvaguarda definitiva por nenhum outro membro da OMC. Ele disse confiar que as autoridades chinesas vão concluir a investigação sem aplicação de sobretaxa.

Com relação ao açúcar, o Brasil continua buscando esclarecimentos e maior acesso a estatísticas para avaliar como retomar as exportações. A sobretaxa imposta pelos chineses derrubou as vendas brasileiras em 87% em 2017, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que defende a abertura de disputa na OMC contra Pequim.

Depois de destacar a contribuição da China como crucial para preservar as regras multilaterais de comércio, o Brasil pediu para Pequim adotar procedimentos simplificados em questões sanitárias e fitosanitárias (SPS) para carnes de gado, suína e de frango, assim como o credenciamento de estabelecimentos para exportar para aquele mercado.

Outra demanda foi por mais previsibilidade na administração de licença ou autorizações relacionadas à compra de jatos. No ano passado, durante visita do presidente Michel Temer a Pequim, a China adiou as autorizações para a compra de 20 aviões da Embraer e entrega de outras 18 aeronaves pela companhia brasileira no mercado chinês.

 

Fonte: Valor Econômico

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