Bolsonaro indica Tereza Cristina para a Agricultura

Com o apoio de grande maioria das entidades do setor de agronegócios, a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) será ministra da Agricultura, conforme anunciou o presidente eleito Jair Bolsonaro.

A confirmação de Tereza Cristina foi feita por Bolsonaro pelo ‘twitter’. Mas a informação veio antes, pelo primeiro vice-presidente da FPA, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), após reunião com mais 27 deputados e senadores da bancada com o presidente eleito.

A decisão já havia sido tomada nos últimos dias, mas Bolsonaro cogitava uma fusão entre as pastas da Agricultura e do Meio Ambiente, proposta que terminou descartada.

Ao sair do encontro com Bolsonaro, do qual Tereza não participou, Alceu, que será o próximo presidente da FPA em 2019, chegou a afirmar que o presidente eleito também garantiu que os ruralistas vão pelo menos “homologar” o nome do titular da pasta do Meio Ambiente.

Como antecipou o Valor, a indicação de Tereza para o cargo também ganhou força depois de atritos entre o ministro da Casa Civil, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), e o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antônio Nabhan Garcia, que se tornou um dos principais conselheiros e braço-direito de Bolsonaro.

Tereza Cristina ainda está em seu primeiro mandato de deputada e se reelegeu neste ano com a quarta maior votação de seu estado. Pecuarista, foi secretária de quatro pastas, incluindo a Agricultura, durante os oito anos da gestão do ex-governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (MDB). Em sua estreia na Câmara, já trilhou uma trajetória política considerada relâmpago.

No início de seu mandato, seu partido, o PSB, era da base do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, porém Tereza votou pelo impeachment da petista e no início do ano passado se tornou líder da legenda, alinhada com o governo do presidente Michel Temer.

Mais recentemente, migrou para o DEM, após desentendimentos com a ala pessebista que preferia fazer oposição a Temer. E foi responsável pela aproximação dos ruralistas com Bolsonaro, em quem declarou voto em nome da bancada, ás vésperas do primeiro turno, após apoiar em um primeiro momento o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin.

De perfil conciliador, a deputada também encarou relatorias de projetos de lei prioritários para a bancada ruralista e o segmento da agropecuária, como o que criou o Refis para a renegociação das dívidas do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), e presidiu a comissão especial na Câmara que analisou e aprovou a polêmica proposta que flexibiliza e agiliza ao registro de agrotóxicos no país.

Colegas de Câmara e empresários do setor a consideravam como candidata natural a ocupar a Agricultura, que deverá ganhar status de superministério no futuro governo Bolsonaro. A ideia é que, além das áreas e órgãos já contemplados pela atual estrutura da pasta, como a Conab e a Embrapa, o ministério também deva agregar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e as secretarias de Pesca e a de Agricultura Familiar. Hoje estas áreas são secretarias vinculadas à presidência da República.

Há dois dias, em entrevista concedida ao Valor, antes de ser confirmada ministra, Tereza listou uma série de prioridades para o próximo governo Bolsonaro para área do agronegócio, numa espécie de presságio dos desafios que teria à frente do posto.

A deputada defendeu que o Ministério da Agricultura seja mais moderno, menos burocrático e “não atrapalhe a vida do produtor rural”. E que o novo governo crie um ambiente facilitador de negócios para atração de investimentos de longo prazo no segmento rural, a exemplo de aprovar uma lei para a liberação da compra de terras para estrangeiros, tema ao qual Bolsonaro já se manifestou contrário.

“Temos de achar um modelo de investimento para atrair capital de longo prazo estrangeiro e também nacional para nossa agricultura”, disse Tereza Cristina.

Ela também defendeu que o Brasil consolide sua participação nas exportações à China, principal comprador de commodities agrícolas brasileiras, considerou como urgente que o Supremo tribunal Federal (STF) julgue os pedidos de inconstitucionalidade da tabela de fretes, e apoiou a aprovação da nova lei dos agrotóxicos conforme foi defendida pelo agronegócio.

 

Fonte: Valor Econômico

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